Meus olhos são de chuva, bem sei. E por mais que chova toda a triste nostalgia que me mora, não consigo aliviar. Não se esvai. Ainda fica impregnado em cada parte do meu corpo, pensamento e alma. Coração. E, doentia, faço questão de cutucar as feridas que eu mesma causei, recordando músicas, relendo frases e relembrando histórias.
Estou me doendo inteira.
Pois nunca tive certeza plena, sempre me sobraram expectativas, como se tudo tivesse sido apenas um sonho bom do qual eu acordei e não voltei mais a sonhar. Na verdade, penso mesmo que nem durmo, por medo de entrar nesse conto e doer ainda mais ao sair. É algo que não mais me pertence e, então, não devo. Por mais que ainda queira.
Adoeço.
Só.
Desfaço meu coração em mil pedaços e suspiro toda essa agonia que nunca irá me deixar. Sim, tenho toda garantia de que tudo que morou em mim não deixará de morar e eu tenho apenas que aprender a conviver. Coisa tua, marca tua. Feito tatuagem, não há como remover. Apenas fingir não ver.
Mas eu cansei de fingir, cansei de trancar minha saudade e engolir essas lágrimas amargas. É fim. Preciso por um ponto final atrás das minhas reticências.
Agora, paciência.
Imagem de capa: Mila Supinskaya Glashchenko, Shutterstock