A preocupação com o amanhã e os arrependimentos de ontem nos furtam o sabor da naturalidade da existência, do aqui e agora. Paralisam nossos pés numa estação abandonada, à margem de nós mesmos. Precisamos parar e nos dar um tempo. Perder a noção dele, às vezes, também faz bem. Desenvolver a consciência, sentir o vento, molhar na chuva, sujar as mãos na terra e plantar uma flor. Pisar na areia, se jogar na imensidão do mar e mergulhar no âmago do nosso ser sem medo de se atrasar para o próximo compromisso. Precisamos ter, primeiramente, um compromisso conosco. Só poderemos oferecer o nosso melhor para as demandas da vida, quando estivermos plenamente resolvidos e realizados internamente.
Enquanto houver lacunas em nossa alma, não seremos inteiros. Passaremos a vida aceitando migalhas para preenchermos o nosso vazio e, assim, espalharemos pedaços incompletos, que para nada servirão. Enfrentar a realidade e abandonar as ilusões que criamos para consolar a nós mesmos é fundamental. Reconhecer as nossas fraquezas é o primeiro passo em direção ao autoconhecimento, sem ele toda a trajetória da vida perde o sentido. Os significados estão guardados dentro de nós, precisamos colocá-los para fora, expressar nossos sentimentos sem medo, sem reservas e sem censura. Conhecer a si mesmo é libertador e um dos maiores desafios que enfrentaremos, porém, necessário.
Muitas vezes, a correria do cotidiano nos deixa ligados no automático, diminui nossa sensibilidade e nos torna indiferentes às coisas e causas que deveríamos abraçar. Abraçar, acariciar, dançar, demonstrar o nosso carinho e sentir aqueles que amamos enquanto os temos por perto. Observar cada gesto, saber ser grato a quem nos ofereceu a mão e não excitar em estendê-la, quando necessário. Um olhar atento e mais demorado, um ouvido mais apurado e disposto a compreender é o ombro que poucos encontram quando mais precisam. É necessário mais empatia e solidariedade com a dor alheia, o mundo está ocupado demais e, encontrar um porto seguro, está cada vez mais difícil.
Embora poucos saibam, a vida também tem um limite de velocidade, e é importante respeitá-lo. O excesso dela pode acarretar em perda de amigos, sorrisos e abraços sinceros. A multa varia entre a perda de momentos inesquecíveis e lindas lembranças que sequer existirão. Além do risco de sermos condenados e detidos em regime fechado no peso da consciência, na companhia do arrependimento. As leis de trânsito também se aplicam na vida, portanto, fique atento com as sinalizações que aparecem para nos guiar no caminho com segurança. Vá com calma, sem pressa e não avance o sinal. Evite acidentes, o excesso de velocidade na vida pode causar a perda dela. Pare, preste atenção e prossiga quando o seu coração estiver aberto para aproveitar cada momento como se fosse o último, pois não sabemos quando será.
Não permita que seja tudo em vão, faça acontecer. Só depende de você…
Imagem de capa: Maridav, Shutterstock