Hoje mais do que qualquer outro dia quero olhar o mundo com mais amor. Olhar a VIDA E VÊ-LA acontecendo, melhor dizendo; perceber os dias, semanas, meses e anos, melhor dizendo. Hoje, desde o meu primeiro sorriso desperto alimentando a minha alma e quebrando o desjejum da noite, despertei querendo viver os dias com a sensibilidade do amor nos meus gestos, nas minhas palavras, nas minhas atitudes com o outro e — comigo mesmo ao mesmo tempo — na minha apreciação otimista da vida. Sei que não é tão simples assim. Nunca é.
Mas, com um pouco de cuidado e atenção, a gente consegue amar melhor e afinar a nossa entrega sem espera; seguir tentando, entretanto, requer um pouco de coragem em demasia… e as pessoas andam sem coragem para se entregarem, amando tão pouco. Por não ser palpável, é impagável. E cada um valoriza como bem entender esses sentimentos. Amar é querer ser grande, mesmo sendo pequeno no meio desse mundo acinzentado por escolhas não tão boas, que fazemos, para se doar em pedacinhos e nunca se esgotar — o colorindo, pois, assim, queremos.
Vejo pessoas por aí sempre apressadas, dirigindo suas vidas por caminhos sem semáforos sentimentais. Chocando-se umas às outras; atropelando momentos que, depois de atropelados, não retornam mais. O que aconteceu com as pausas dos abraços espontâneos? Os beijos dos cumprimentos saudáveis, de amigos que se encontram, sem malícias, só o carinho de quase irmãos? Sentar no meio-fio da calçada para tomar um sorvete? Ilusão… para alguns, eu amo.
Talvez, eu esteja querendo um pouco demais… ou não, não sei. Sinto que essas pequenas definições de “cuidados que só o amor dá” ficaram apenas no aconchego e registro dos dicionários imaginários. Em alguma parte profunda e inacessível do cérebro; têm regiões da massa encefálica — certo, McDreamy? — que a neurologia tradicional não consegue acessar fisicamente. Escassas dos corações agitados com o dia a dia.
Vamos juntos, você, ele, ela e eu, celebrar a ternura; que seja terno enquanto dure, e eterno dentro da gente. Hoje, amanhã e, com toda a fé em nossas crenças pessoais, todos os dias. Não precisamos de datas especiais. Apesar de elas existirem. Precisamos, sim, de momentos especiais para celebrarmos com carinho a presença das pessoas que, em nossas vidas, fazem a diferença e dão sentido a razão de estarmos aqui… Nada, nem ninguém é por acaso.
Pessoas amadas e que nos amam são um presente que ganhamos de graça. Digo, “um presente que ganhamos”, porque acredito que exista uma força maior que rege as nossas vidas, as nossas interações: o Amor.
Para amar e ser amado não espere por ocasiões especiais; razões especiais; datas especialmente, especiais. Gente que anda um pouco apressada deixa passar sorrisos lindos em cada esquina do olhar. A gente lê, em média, cento e cinquenta palavras por minuto e compreende sessenta por cento. Sessenta por cento, apenas, é compreendida de uma mensagem que mudaria o nosso dia, ou nos alertaria da tristeza das entrelinhas de quem pede socorro, sem pedir. Quando falta atenção devida.
Não importa o que me dizem, acredito de coração que na maioria das vezes amar é uma questão de escolhas que fazemos: eu amo; eu não amo. Optamos, na maioria das vezes trazer alguém para dentro da gente; tirar de dentro da gente. Essas são escolhas que escolhemos escolher entre uma, ou outra, a mais importante: amar ou odiar. Só não podemos escolher até quando vamos viver, ou morrer — já assistiram Grey’s Anatomy, né?
Amar é desacelerar a nossa sensibilidade por essa via expressa cotidiana, e não só apreciar, mas interagir com a vida lá fora. Interagir, com apreço e entusiasmo, com as nossas pessoas queridas. Hoje, acordei com a NECESSIDADE de amar mais, amar melhor; quero chegadas sem partidas; quero olhos que se compreendam que se admiram; quero mãos que tocam suave nas minhas feridas, ou que as respeitem, pelo menos. Quero amar, mas, quero que me amem sem pressa. Porque é preciso muita intimidade que só o amor traz para podermos dizer aqui–está–o–meu–coração–por–favor–esmague-o–como–carne–moída–e–se–delicie — sábias palavras, Meredith.
Imagem de capa: Vasilenko Dmitriy, Shutterstock