Acabo de concluir a leitura do inspirador “A Roda da Vida”, de Elisabeth Kübler Ross.
O livro surpreende em muitos aspectos e me fisgou num momento especial, de fechamento de ciclos.
Como acredito que nada é por acaso, senti-me recompensada, como se minha intuição fosse autêntica.
A autora, uma psiquiatra suíça que tratava pacientes terminais, estudou a morte e o processo de morrer e ajudou milhões de pessoas ao abordar a morte como “a suprema crise com a qual as pessoas precisavam lidar”.
Num dos capítulos do livro _”Borboletas”_ Elisabeth conta sua visita a um campo de concentração nazista logo após a segunda guerra.
Dentro dos alojamentos de Maidanek, uma das tristemente famosas usinas da morte de Hitler, Elisabeth se perguntava: “Como é que as pessoas, especialmente mães e crianças, sobreviviam no decorrer daquelas semanas e dias antes da morte que tinham como certa?” (…)
E enquanto observava as paredes dos alojamentos, pôde notar que dentre os desenhos e nomes gravados, uma figura se repetia muitas e muitas vezes.
Borboletas.
“Por que?” ela se perguntava.
“Por que borboletas?”
(…)
Vinte e cinco anos mais tarde, ela compreendeu.
Aqueles prisioneiros eram como seus pacientes terminais, que sabiam o que iria acontecer com eles. Sabiam que logo se tornariam borboletas. Ao morrer, estariam fora daquele lugar infernal. Não seriam mais torturados… Logo deixariam seus corpos da mesma maneira que uma borboleta deixa seu casulo.
“Em uma cultura determinada a varrer a morte para debaixo do tapete e escondê-la ali, Elisabeth desafiou o senso comum ao trazer e expor essa etapa final da existência para que não tivéssemos mais medo dela”.
Ao contrário, nos faz refletir sobre o viver, sobre as escolhas que fazemos_ o livre arbítrio_ e as consequências da vida que levamos na hora de partirmos.
“O maior dom de Deus para o homem é o livre arbítrio. Mas isso requer responsabilidade”.
Temos a responsabilidade de fazer as escolhas certas, as melhores que pudermos, pois toda atitude afetará outras pessoas e vidas também.
Às vezes, a escolha certa é simplesmente abandonar. Desistir. Aceitar a morte de um tempo, de alguns sonhos, de vários desejos, de pessoas que deixaram de fazer parte, de nós mesmos fechando ciclos.
Uma das coisas mais difíceis na vida é deixar algo que amamos para trás. Aceitar a morte é apenas uma das questões.
Como na morte, temos que nos despedir daquilo que achávamos que nos definia e não nos define mais.
As pessoas pensam que a morte é o único momento em que devemos estar fortes para abandonar nossa “casca”, nosso casulo, e voar. Não é. Durante a vida, morremos várias vezes. E temos que estar preparados para o voo. Enquanto insistirmos em habitar velhos casulos, cascas apodrecidas que não nos servem mais, deixaremos de crescer, amadurecer, fortalecer.
Não são só os doentes terminais ou refugiados dos campos de concentração que ainda são prisioneiros. Nós nos aprisionamos também.
E temos medo, como se desistir dos sonhos, dos desejos, do passado fosse derrota. Ao contrário, desistir pode ser libertador…
Certas saudades são desnecessárias, ocupam um espaço que nos condena a viver pela metade… É necessário olhar pra frente, cercar-se de presente, valorizar cada segundo com os seus. Os seus…
… como de costume, um texto inspirador. Tema tão difícil quanto onipresente – talvez seja mais preciso dizer ‘tema desconfortável‘, enfim. Afinal, que atire a primeira pedra aquele que (por mais espiritualizado e maduro que tenha se tornado) não lamenta e sofre com a saudade a lhe drenar as energias muitas vezes… Ponto positivo para o belo texto, um convite à reflexão que nos tira do pensamento condicionado – o piloto automático no modo on – e nos aguça os sentidos e o senso crítico.
Saudações,
Rafaela.
Oi Rafaela! Obrigada pela visita e pela reflexão! Beijo grande!
Boa noite, Fabíola! Comunico a você que amanhã irei utilizar um fragmento do seu texto (com os devidos créditos) numa apresentação de Bioética da Pós-Graduação. Adoro esse texto! Um abraço, Edson. ([email protected])
Edson, quanta honra!!!!! Parabéns pela apresentação e obrigada por usar o texto! Que seja uma ótima apresentação, vc sempre me surpreende! Abçs!
Foi uma apresentação muito prazerosa e produtiva. Acredito que alcançamos os objetivos! As pessoas demonstraram ter gostado da história, eu quem lhe agradeço mais uma vez por compartilhar conosco a sua sensibilidade! Abraço, Edson ([email protected])
Bom dia! Fabíola, parabéns por tamanha sensibilidade em escrever. Seus textos parecem que são escritos para mim, para cada momento que tenho vivido nos últimos 3 anos. Abraços e Deus lhe abençoe sempre.
Que belíssimo texto! Excelente abordagem onde nos faz de fato refletir sobre o nosso aqui e agora o que inclui nossas escolhas para sermos livres ou não. O texto se propõe também a refletirmos na quantidade de vezes que não nos damos conta o quanto morremos antes de morrer sem imaginar o o potencial de vida que temos. Estar no aqui e agora é exatamente isso, não negarmos nada nenhuma tristeza, dores, mágoas…nos confrontarmos com essa grande sombra aparentemente desconfortável nos levará a luz do nosso si mesmo se nos deixarmos morrer para viver. Muito obrigada pela leitura.
Fabíola, descobrir seu blog recentemente.
Parabéns pelos textos.
O interessante é que o momento em que leio eles, sempre tem algum ensinamento para mim naquele momento.
Obrigada por compartilhar!!
Amo tudo que escreve, Fabíola. Parabéns por tamanha sensibilidade em seus textos! Bjão
Adorei o texto.Parabéns pela sensibilidade.!
Poderia mandá lo para o meu Email?
Há alguém que precisa muito ler isso e não tem Facebook.
myriam
Belíssimo texto!