Imagem de capa: Masson, Shutterstock
Se você ama com todo o seu ser, se você coloca tudo de si em um relacionamento, não merece que gostem de você pela metade, nem que gostem de você ocasionalmente, com as migalhas que restam. Você merece que gostem de você a partir de um lugar inteiro e bem construído, não desde um lugar em ruínas e cheio de fissuras que anunciam uma queda iminente (para todo aquele que pretenda transitar por esse lugar) e sem nenhuma esperança de mudança.
Existem pessoas que se conformam com pouco. Debatem-se entre ser livres ou manter um relacionamento que não lhes traz a tranquilidade que merecem por medo de estarem sozinhas. Neste caso, é melhor “mal-acompanhado” do que sozinho. O caso contrário seria um grande erro, já que a pessoa dificilmente terá a oportunidade de aprender a gostar de si.
Então, nos venderemos à primeira pessoa, tirando o valor do nosso amor. De alguma forma o abandonaremos à intempérie, sem cuidá-lo nem protegê-lo. “Vire-se, meu amor, porque eu não vou cuidar de você. Estou esperando que alguém de fora cuide de você, porque eu não estou disposta a fazê-lo”.
Gostar de si mesmo implica assumir o risco de estar sozinho
Quando este é o diálogo interno que mantemos com nosso amor próprio, estamos caindo em um terreno perigoso. Primeiro, porque não estamos respeitando a nós mesmos o bastante para nos afastar daquilo que não nos faz feliz. Segundo, porque se sempre dependo do outro para estar bem… como vou pretender estar bem por mim mesmo quando o outro já não estiver por perto?
É aqui que aparecem os comportamentos masoquistas. Faça-me o que for, trate-me como quiser porque eu, mesmo que me doa (porque dói) irei continuar ali, “lutando” pelo nosso relacionamento. Quando na verdade não existe um “nosso”, mas sim um “seu”.
Qualquer coisa para não perder o outro. Farei o que for preciso para que o outro não vá embora. Me culparei pelas suas atitudes, me levantarei como responsável por tudo que acontecer no relacionamento. Desta forma garanto que o meu coração não navegará sozinho nesta tempestade. Está sempre nesse barquinho inóspito. Pelo menos está “protegido” ali, e não corre os riscos de VIVER.
Amar com todo o ser requer coragem e responsabilidade
São “riscos” que, quanto mais demorarmos a assumir, mais espaço criarão em nossa própria mente e mais medos provocarão. O medo da solidão nos leva a cometer os maiores crimes contra o nosso próprio coração. O machucamos, o deixamos nas mãos de desconhecidos que gostam de nós com os restos que sobram deles.
Nosso coração é como um bebê recém-nascido. Só quer estar com a sua mamãe, ser cuidado e nutrido por ela. Nosso coração gosta de nós primeiro, e logo quando amadurecer poderá ser capaz de compartilhar esse amor com outra pessoa. Mas enquanto isso precisamos cuidar dele, amá-lo e lhe garantir um lugar seguro onde possa crescer e aprender.
Quando você ama com todo o seu ser, ama com a responsabilidade que isto implica. Você está sendo corajoso. Porque amar alguém não é uma aposta segura. Muitas vezes gostamos de alguém sem ter a garantia de que isso vá dar certo. Nos arriscamos. Sabemos que existe um risco.
Preencha os seus vazios sem esperar que os preencham por você
Mas é melhor assumir esse risco com o coração bem cuidado e protegido do que com o coração roído e cheio de buracos. Buracos que queremos preencher com a outra pessoa… e aqui é quando começa a perdição. Quando o meu coração não pode sobreviver se não for com a outra pessoa.
Compartilhar a vida com quem amamos é uma coisa maravilhosa, mas precisamos aprender a cuidar de nós mesmos do mais profundo do nosso ser, antes do que deixar o nosso amor sem experiência e frágil nas mãos de outra pessoa. É um passo anterior que todos precisamos dar para amar o outro de forma saudável.
Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa