A arte de nos convertermos em adultos

Imagem de capa: Look Studio, Shutterstock

A arte de nos convertermos em adultos requer valentia, compromisso e responsabilidade com nós mesmos e com os demais. Chegar a ser um adulto saudável não é tarefa fácil,especialmente se levarmos em consideração como está montada a sociedade em que crescemos.

Por outro lado, em função de como vivemos nossa infância e os vínculos com nossos pais, vamos precisar de mais ou menos esforços para percorrermos o caminho até nosso amadurecimento físico e emocional. A idade fisiológica e a idade social nem sempre coincidem, logo, por que essa falta de sincronia? Por que muitas vezes é tão difícil amadurecer?

Assumirmos responsabilidades que não eram nossas quando éramos pequenos e sentir como a situação não se resolvia da maneira como gostaríamos pode causar danos profundos à nossa autoestima e à sensação de autoeficiência. Um peso capaz de frear o crescimento emocional de qualquer criança.

Por que, às vezes, não queremos crescer?

Por que algumas pessoas têm tanta dificuldade em amadurecer? Temos muitos motivos para nos mantermos na juventude eterna (conhecida como “Síndrome de Peter Pan“). Em primeiro lugar, a sociedade nos força a sermos sempre perfeitos, belos e com espírito jovem.

Em segundo lugar, às vezes as feridas emocionais da nossa infância fazem com que arrastemos assuntos pendentes para serem resolvidos, e nos consideremos crianças com feridas que impedem que nos transformemos em adultos: no fundo seguimos reclamando parte de nossa infância ou tentando sair dela sem feridas profundas. Esses assuntos, ao não estarem resolvidos, manifestam-se em nosso presente. Pense que na infância é mais fácil eludir responsabilidades e sentir que estamos em uma zona conhecida e cômoda, em vez de explorar zonas desconhecidas.

Quais são características de um adulto que não quer crescer?

São várias as características que apresentam um adulto que resiste ao crescimento. As principais são as seguintes:

– Têm necessidades não satisfeitas na infância que trata de compensar de forma constante em seu presente.

– Sente culpa, oculta ou manifestada, pelas coisas que faz, diz ou sente. É difícil diferenciarem seus pais de seus companheiros(as).

– Exagera suas necessidades e, além disso, geralmente as converte em ações, ou necessidades de gratificação imediata.

– Necessita encher-se de estímulos constantemente e podem ser muito dependentes dos demais, ou muito independentes (ainda que por trás da independência esconda-se uma necessidade de ser reconhecido e visto).

– Reprime suas emoções e deixa que elas se enterrem em seu interior, ou pelo contrário, lidam com uma montanha-russa de emoções que não podem controlar.

– Espera muito dos outros, pode dar muito, mas normalmente esperando algo em troca.

– Tem em seu interior as feridas do abandono e do desprezo que viveu em sua infância.

A culpa dificulta o amadurecimento

Imagine uma criança com seus pais em pleno processo de separação. Nessa situação, é fácil que a criança tenha comportamentos para evitar a ruptura do núcleo familiar e, se não consegue, ela assume parte da responsabilidade da separação. Uma responsabilidade que, diante do fracasso, transforma-se em culpa, em um peso que não é seu e que pode terminar freando seu desenvolvimento.

A criança ferida habita um corpo de adulto e está congelada no tempo. Pensa que não importa a idade que tenha, seja 25, 38 ou 60 anos. A culpa tende a estar muito ativa na criança (vestida de adulta), que tem pouco amadurecimento emocional.

A criança sente uma culpa insana, que faz com que ela pense que é a responsável por tudo o que acontece ao seu redor. Essa carga que a criança sente não é real, ainda que ela a viva como algo real. Se quando nos tornamos adultos não podemos controlar nossa culpa, vamos ter grandes problemas para assumirmos nossas responsabilidades de cada dia.

Qual é o caminho para alcançar o amadurecimento emocional?

Para alcançar o amadurecimento emocional vamos ter que enfrentar a sensação de culpa ao invés de evitá-la. Administrar a culpa é a peça mais importante para podermos seguir crescendo em relação às emoções que mantemos. Tanto conosco quanto com os demais.

Para começar a digerir essa culpa é necessário: viver a dor de criança, não evitar a dor mas sim atravessá-la e senti-la de forma plena e consciente. Quando podemos deixar para trás nossa história e nossa mochila, a culpa se transforma em responsabilidade saudável que nos empurra para o amadurecimento.

“A confiança vem com o amadurecimento, aceitando mais a si mesmo.”
-Nicole Scherzinger-

A valentia de sermos adultos

A arte de nos convertermos em adultos saudáveis não é importante apenas para nos envolvermos em diferentes papéis da vida (profissional, casal, filhos, etc.), mas vai muito além disso. É importante adquirir nossa própria identidade, diferente de nossos pais, deixar suas expectativas de lado e começar a fazer as coisas por nós mesmos.

Se nos valorizarmos e aceitarmos da maneira como somos, a experiência de vida nos levará, de forma natural, até o amadurecimento. O que nos dá asas para sermos adultos é a liberdade de viver nosso presente com consciência e aceitação das circunstâncias.

Portanto, alguns segredos para converter-se em um adulto autônomo são: deixar de se comportar como a vítima, evitar se queixar constantemente e deixar o passado para trás. Só sendo valentes e dando um passo para o desconhecido poderemos começar a governar nossa própria vida.

Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa



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Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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