Sigo assim: esticando o denso tecido dos dias, criando retalhos coloridos para enfeitar os meus instantes nublados.
Nem sempre acho o sol. Nem sempre consigo ter paciência. Minha paciência nasce de uma vontade caótica de que tudo se resolva em tempo hábil. A vida não funciona assim. As soluções repousam caladas dentro de um tempo indeterminado.
O tempo não é meu. Não é seu. Quando você já fez o que podia, o jeito é esperar. Não adianta espernear, chorar, gritar e ficar revoltado.
A resposta será a mesma: “espere!” Quando não tiver mais forças, continue esperando. Não adianta confiar que o outro tenha a “palavra-remédio”.
Que o outro tenha a cura automática. Que o outro seja a bula: especialista em recomendações fantásticas, receitas fenomenais de sucessoe abrandamento de corações aflitos. O outro também vive com suas dores e medos. O outro também chora no banheiro. O outro também se esconde do mundo. Quer um lugar para caber, para morar sozinho, para ser ilha, para ser ele, para ser outro…
…e enquanto isso, o mundo gira velozmente e eu encontro o sol de novo.