O que era para ser uma missão de oito dias na Estação Espacial Internacional (ISS) se tornou uma jornada de resistência para os astronautas americanos Suni Williams e Butch Wilmore. Partindo em junho deste ano na nave Boeing Starliner, eles agora enfrentam uma estadia prolongada que se estenderá até fevereiro de 2025, mais de seis meses após o planejado.
A extensão da permanência foi causada por falhas na nave Starliner, incluindo vazamentos de hélio e defeitos nos propulsores. Esses problemas deixaram a NASA apreensiva sobre a segurança de utilizá-la no retorno, levando à decisão de buscar uma alternativa confiável.
Segundo o MSN, Butch Wilmore admitiu que a situação foi difícil: “Você não quer ver a nave partir sem você, mas é o que aconteceu”. Apesar disso, ele destacou a preparação mental para adversidades: “Nosso treinamento é focado em lidar com o imprevisível, e, às vezes, isso excede qualquer expectativa”.
Suni Williams manteve o espírito positivo. “Estar no espaço é um privilégio. Eu realmente adoro estar aqui. É divertido e desafiador, especialmente quando você pode trabalhar de cabeça para baixo”, comentou ela.
Os dois astronautas dividem a ISS com outros nove tripulantes. Apesar de o local ter o tamanho de uma casa com seis quartos, os espaços são formados por corredores estreitos de menos de dois metros de altura. Mesmo nesse ambiente limitado, a dupla demonstra resiliência e capacidade de adaptação.
Esta não é a primeira vez que uma missão no espaço ultrapassa o previsto. Em 2022, o astronauta Frank Rubio teve sua missão estendida para mais de um ano, atingindo 371 dias e estabelecendo o recorde americano de permanência no espaço. Contudo, o recorde mundial pertence ao russo Valery Polyakov, que passou 437 dias na estação espacial Mir nos anos 1990.
Rubio destacou os desafios psicológicos dessas situações: “Quando você planeja ficar poucos dias e descobre que será muito mais tempo, isso impacta emocionalmente, especialmente por questões familiares”.
Embora fascinante, o espaço é um ambiente hostil. A falta de gravidade pode causar dores de cabeça, inchaço no rosto (“cara de lua”) e atrofia muscular. Frank Rubio descreveu o espaço como “o local mais desafiador em que a humanidade já esteve”.
Apesar dos desafios, momentos curiosos surgem. A ex-astronauta Nicole Stott compartilhou que, em gravidade zero, as roupas podem ser usadas por meses. “Usei o mesmo par de calças por três meses”, revelou ela com humor.
Para trazer Suni e Butch de volta, a NASA reservou lugares na nave SpaceX Dragon, de Elon Musk. O retorno está previsto para fevereiro de 2025, encerrando uma jornada marcada por imprevistos e pela capacidade dos astronautas de enfrentar o desconhecido com coragem e profissionalismo.
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