O cinema brasileiro volta a ganhar destaque internacional com o lançamento de “Ainda Estou Aqui”, o mais recente filme do renomado diretor Walter Salles. O longa estreou mundialmente no Festival de Cinema de Veneza, onde foi aclamado pelo público e pela crítica, colocando o Brasil mais uma vez no radar do circuito cinematográfico global.
Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, “Ainda Estou Aqui” narra a emocionante história de Eunice Paiva, vivida por Fernanda Torres. Eunice foi a esposa do deputado Rubens Paiva, interpretado por Selton Mello, que foi cassado, exilado e assassinado durante a ditadura militar brasileira. Mais do que apenas retratar esses eventos trágicos, o filme se aprofunda na jornada pessoal de Eunice, que transforma sua dor em uma luta implacável por justiça e verdade.
A recepção calorosa em Veneza, com uma ovação de dez minutos de aplausos, refletiu o poder emocional e a relevância do filme. As lágrimas de Fernanda Torres, Selton Mello e Walter Salles durante a ovação foram um testemunho do impacto do filme, não apenas para os realizadores, mas para todos os envolvidos. A crítica internacional foi unânime em elogiar o trabalho, com muitos apontando a atuação de Fernanda Torres como digna de uma indicação ao Oscar. Esta possibilidade evoca memórias de sua mãe, Fernanda Montenegro, que também atua no filme, interpretando Eunice em sua velhice, lutando contra o Alzheimer. A presença dessas duas gerações de atrizes no mesmo projeto adiciona uma profundidade única à produção.
Após 12 anos afastado da direção, Walter Salles retorna com uma obra que mistura o pessoal e o político, reafirmando seu talento em contar histórias profundamente humanas. Salles, conhecido por filmes como “Central do Brasil” e “Diários de Motocicleta”, traz para “Ainda Estou Aqui” não apenas sua habilidade cinematográfica, mas também uma conexão pessoal, já que conviveu com a família Paiva durante anos.
A narrativa do filme explora não só o desaparecimento de Rubens Paiva, mas também a transformação de Eunice. De esposa e mãe, ela se torna uma ativista incansável pelos direitos humanos e indígenas, cursando Direito e se engajando em diversas causas sociais. Sua luta de 25 anos pelo reconhecimento da morte do marido e seu papel na criação da Lei 9.140/95, que reconhece como mortos os presos políticos desaparecidos durante a ditadura, são pilares centrais da trama.
Com um elenco estelar, que inclui Antonio Saboia, Valentina Herzsage, Humberto Carrão, Marjorie Estiano e Dan Stulbach, “Ainda Estou Aqui” não se limita a ser um drama familiar. É um retrato pungente de um período crucial da história brasileira.
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