Filha de Ziraldo, Daniela Thomas, revela último pedido que fez ao pai na véspera da morte

Em uma entrevista tocante ao programa Fantástico, da TV Globo, a cineasta e diretora teatral Daniela Thomas compartilhou detalhes dos momentos finais ao lado de seu pai, o renomado cartunista Ziraldo. Comovida, ela revelou o último pedido que fez a ele na véspera de sua partida, enquanto ele lutava contra os efeitos de um AVC (Acidente Vascular Cerebral).

“Eu me despedi dele mil vezes, tive mil conversas e mil carinhos até o último momento. A última coisa que fiz na véspera da morte dele foi pedir para reencontrar os amigos e a minha mãe”, disse Daniela, em meio à lembrança emocionada.

Ziraldo, figura icônica da cultura brasileira, não apenas deixou um legado artístico indelével, mas também foi um fervoroso ativista político durante os anos da ditadura militar. Como um dos fundadores de “O Pasquim”, enfrentou bravamente a censura e a perseguição do regime autoritário.

“Quando o prenderam, ficou um mês desaparecido. Nem o Exército, a Marinha ou o DOI-CODI assumiram a prisão”, relatou Daniela, rememorando os momentos de angústia vividos pela família durante esse período turbulento da história brasileira.

A cineasta também compartilhou a experiência de visitar seu pai no cárcere, onde ele estava em uma solitária no Forte de Copacabana. “Foi das coisas mais violentas, porque meu pai era um cara que vivia em companhia da manhã à noite. Então, ficar numa solitária… Eu fui visitar ele e fiquei muito impressionada em ver como ele tava mudado, fragilizado, angustiado e solitário”, relembrou.

Além de sua atuação na resistência política, Ziraldo deixou um legado literário marcante, com a publicação de 130 livros que cativaram leitores dentro e fora do Brasil. Sua luta incansável pelos ideais de liberdade e justiça tornou-o uma figura admirada e respeitada não apenas no campo artístico, mas também na esfera política.

Daniela Thomas, ao compartilhar essas memórias e reflexões sobre o legado de seu pai, reforçou a importância de sua trajetória como artista e ativista. A comoção gerada pela partida de Ziraldo evidenciou o afeto e a gratidão do Brasil por esse ícone da cultura nacional, cujo impacto perdurará por gerações.