Ana Lívia, uma garotinha de apenas três anos, enfrentou uma corrida contra o tempo em busca de um novo coração. Diagnosticada com cardiomiopatia dilatada, uma condição que afeta o músculo cardíaco, Ana Lívia foi submetida a uma angustiante espera na fila de transplante cardíaco.
A saga de Ana Lívia começou quando tinha apenas um ano e cinco meses, após uma crise respiratória e febre persistente. Levada ao hospital pela mãe, Talissa Patrícia Bueno Prado, em Lins (SP), os médicos diagnosticaram sua condição. Talissa relembra que “o coração da filha estava do tamanho do de um idoso de 75 anos no momento do diagnóstico”.
Após uma batalha intensa, incluindo tratamento medicamentoso e internações, a situação de Ana Lívia se agravou, e o transplante de coração se tornou uma necessidade urgente. Transferida para o Centro do Coração da Criança do Hospital da Criança e Maternidade (HCM) em São José do Rio Preto (SP), Ana Lívia foi colocada na lista de espera.
A cardiologista pediátrica Alexandra Regina Siscar Barufi, que acompanhou o caso, descreveu a urgência: “Fizemos todos os exames de coração e vimos que o órgão estava muito cansado”. No dia 8 de março, a espera de Ana Lívia na fila de transplante chegou ao ápice. Após apenas cinco horas na lista, a equipe médica recebeu a notícia de que um coração compatível estava disponível.
O coração veio de uma tragédia distante, de uma menina de três anos que morreu em Cuiabá (MT) em decorrência de uma hidrocefalia. A família, em meio à dor da perda, concordou com a doação do órgão. O processo precisava ser rápido, pois o órgão precisava ser implantado em no máximo quatro horas após a retirada.
Barufi detalha a corrida contra o tempo: “Imediatamente, um avião foi fretado para levar o cirurgião Ulisses Croti e outros profissionais para Cuiabá, onde fariam a retirada do coração doado”. Após uma operação ágil, o coração chegou ao HCM, onde Ana Lívia estava preparada para a cirurgia.
A mãe de Ana Lívia, em meio à agonia e à esperança, expressou sua gratidão: “Que meu sentimento de gratidão eterna seja o consolo deles [família doadora]. Sei que é muito difícil, não imagino o que eles sentiram”.
O caso de Ana Lívia é extraordinário não apenas pela urgência e sucesso do transplante, mas também por seu tipo sanguíneo, AB+, que permite receber doações de todos os tipos sanguíneos. A médica destaca que “Em transplante cardíaco infantil, temos mais dificuldade na captação de órgãos porque são menos doadores”.
A história de Ana Lívia serve como um lembrete da importância da doação de órgãos. No Brasil, a doação só é realizada após a autorização da família. Comunicar o desejo de ser doador é crucial. No ano passado, o Brasil realizou 424 transplantes de coração, sendo 45 em crianças, de acordo com a ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos).
Para Talissa, mãe de Ana Lívia, o transplante significa uma nova chance de vida para sua filha. “Só de poder ver minha filha bebendo água, o tanto que ela quiser, porque ela tinha restrição hídrica severa de 700 ml por dia de líquido, para mim é vida nova.”
Com informações de UOL
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