Uma pesquisa global conduzida pela AVG Technologies revelou uma preocupante realidade: crianças ao redor do mundo se sentem trocadas pelo celular. No Brasil, onde foram ouvidos 316 dos 6.117 entrevistados, o sentimento é compartilhado por impressionantes 83% das crianças, enquanto 56% delas expressam o desejo de serem um dispositivo móvel, indicando um preocupante desequilíbrio na relação entre pais e filhos.
“A negligência, que é a falta do cuidar, é uma das piores formas de violência. Ela é velada, não deixa marcas evidentes, mas destrói a estruturação de personalidade de uma criança. Por isso é grave”, alerta Luci Pfeiffer, Pediatra, Psicanalista e Coordenadora do Programa DEDICA.
Segundo a especialista, até os seis anos de idade, as crianças constroem valores éticos e morais através do espelhamento e estímulo dos adultos ao seu redor. No entanto, o comportamento dos pais, cada vez mais mergulhados em seus dispositivos móveis, pode estar influenciando negativamente esse processo crucial de desenvolvimento.
“Portanto, se o Pai e a Mãe não largam o celular em casa, é esse comportamento que estarão ensinando. Isso tomará o tempo de atividades que valorizam o contato, gerando problemas como isolamento e vício”, acrescenta Pfeiffer.
A dependência tecnológica não afeta apenas a interação familiar, mas também prejudica o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças. Luci Pfeiffer critica a maneira como os dispositivos eletrônicos substituem gestos simples, mas significativos, como abraços, carinho, sorrisos e olhares de aprovação.
A recomendação das associações de pediatria nacionais e internacionais é clara: é necessário estabelecer limites para o uso de dispositivos eletrônicos tanto para os filhos quanto para os pais. Até os dois anos de idade, as crianças não devem ter contato com nenhuma tela. Dos 3 aos 6 anos, o tempo de uso do aparelho eletrônico deve ser limitado a, no máximo, uma hora por dia, aumentando para até duas horas diárias dos seis anos em diante.
Para os pais, é essencial deixar o telefone de lado quando estiverem na companhia dos filhos, prestando atenção no que eles têm a dizer e dedicando tempo para brincar. Além disso, é importante priorizar a comunicação oral e evitar levar o trabalho para casa, garantindo assim momentos de qualidade em família.
Em suma, é fundamental reconhecer o impacto negativo da dependência tecnológica na dinâmica familiar e buscar um equilíbrio saudável entre o uso dos dispositivos eletrônicos e o tempo dedicado à interação e ao cuidado com os filhos.
Com informações de Papo de pai
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