Em um emocionante exemplo de determinação e perseverança, João Monte Rodrigues, de 52 anos, e sua filha Ester Rodrigues, de 17 anos, ambos faxineiros de origens humildes da comunidade indígena dos Tapeba, em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza, foram aprovados para estudar na Universidade Federal do Ceará. João e Ester provam que nunca é tarde para buscar o conhecimento e que o acesso à educação é uma poderosa ferramenta para transformar vidas, independentemente da idade, ocupação ou classe social.
João Monte Rodrigues teve uma infância repleta de desafios e responsabilidades, o que limitou sua oportunidade de dedicar-se plenamente aos estudos. Durante sua juventude, trabalhou na agricultura e em outras atividades para ajudar sua família. Atualmente, ele é funcionário de serviços gerais em uma repartição pública, uma ocupação que também exige muito esforço.
No entanto, a falta de oportunidades não desanimou João. Em 2012, após 34 anos afastado das salas de aula, ele decidiu retomar seus estudos, determinado a conquistar um futuro melhor para si mesmo e para sua família. Seu desejo de aprender foi apoiado calorosamente por sua família e amigos, o que tornou sua jornada ainda mais significativa.
Paralelamente à jornada de seu pai, Ester Rodrigues também estava cursando o Ensino Médio. Ambos chegaram ao final dessa etapa de suas vidas ao mesmo tempo. Com o objetivo de realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e ingressar na universidade, João e Ester estudaram juntos incansavelmente, trocando conhecimentos e se apoiando mutuamente em sua busca pela oportunidade de cursar o ensino superior.
João compartilhou a experiência: “Nessa idade, é mais cansativo, mais difícil, mas conseguimos e terminamos juntos.”
Após intensa preparação, João e Ester foram aprovados na Universidade Federal do Ceará. Ester conquistou uma vaga no curso de Engenharia Ambiental, enquanto João, beneficiário das ações afirmativas para a população indígena, assegurou sua vaga no curso de Engenharia de Petróleo.
Essa conquista notável é ainda mais notável pelo fato de que João e Ester não tinham recursos para pagar um cursinho preparatório, o que exigiu um comprometimento ainda maior com o estudo autodidata.
Em uma entrevista ao jornal O Povo, João expressou sua emoção pela conquista: “Ainda não caiu a ficha! ‘Ser universitário’ é grande para mim, um sonho mesmo! Acho que só vou acreditar quando entrar na sala de aula, no primeiro dia mesmo. Tô ansioso. Penso na glória do final, em conquistar uma carreira. Já me considero um grande vitorioso, em chegar até aqui.”
Embora eles tenham feito suas matrículas com sucesso através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a permanência na universidade ainda não é uma garantia para João, uma vez que o curso é integral e ele não poderá trabalhar durante seus estudos. Para alcançar seus sonhos acadêmicos, João agora busca uma Bolsa Permanência do Ministério da Educação.
Com informações de O Amor
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