Ontem, durante a visita habitual às minhas redes sociais, me deparei com um dos assuntos mais comentados da semana: a separação conturbada de Lara Nesteruk. Pra quem não sabe, Lara é nutricionista e influenciadora digital, com milhões de seguidores no Instagram. Na web, a profissional é conhecida por abordar temas como relacionamentos e qualidade de vida. Se expõe de maneira franca e muito intensa, e em seu site se define: “Se fosse para resumir, eu diria: opero em intensidade. Não há Lara sem exagero!”
Términos são difíceis. Términos quando ainda há amor, mais ainda. Términos quando há amor e também muita mágoa, decepção, frustração e sensação de abandono… são indescritíveis. Porém, por mais tentador que seja gritar nossa dor ao mundo nesse momento de luto extremo e muita solidão, a melhor atitude é, ainda, silenciar. Abraçar quem ainda permanece ao nosso lado, chorar, dormir, rezar, dizer que nunca mais vai amar. Mas, ainda assim, não cair na tentação de colocar nossa dor no palanque das redes sociais.
Qualquer um que já tenha trilhado a vida por tempo suficiente para experimentar qualquer tipo de luto, desde a derrota do time campeão à morte de um ente querido, sabe o quão difícil é ter nossos sonhos ceifados pela finitude das coisas e da vida. Nos espantamos com a morte, ainda que saibamos que é nosso destino inevitável. Nos comovemos com a dor de nossos ídolos, e revisitamos nossas próprias dores quando Neymar chora, desolado, em campo; ou quando Lara se desespera, abatida e incrédula, no Instagram.
A dor do abandono de Lara se transforma em lágrimas, raiva, barganha, perdão, raiva novamente, mágoa, lavação de roupa suja, tristeza extrema, vitimismo, perdão novamente, culpa, raiva excessiva, dor aguda, lágrimas abundantes, esperança de reconciliação, ódio, raiva novamente… e por aí vai. Sedentos por um final feliz, torcemos para que a mocinha fique bem, e reconstrua-se emocionalmente longe de quem lhe causou tanta dor. Porém, por mais que projetemos nela a expectativa de nossa cura emocional, o desfecho de cada história é particular e individual.
O que podemos aprender com a dor do abandono de Lara Nesteruk é que a vida, às vezes, é mais parecida com trator que com carro conversível. E por mais que a gente prefira o vento no rosto numa estrada arborizada, de vez em quando teremos que arranjar forças de onde nem sabíamos existir para reconstruir nosso emocional fraturado pelas rodas gigantes do caminhão. Mas a gente consegue. Mesmo que no momento pareça que nunca mais seremos felizes de novo, a gente consegue.
A mesma vida que tira, também nos dá. A mesma estrada que nos sacode e faz comer poeira, em outro momento pode nos conduzir ao melhor lugar. Vida é gangorra, nos leva do chão ao céu em instantes, e pode nos ensinar a nos preservar, a não entregar nosso coração de bandeja para qualquer um, a nos amar em primeiro lugar.
Torço para que Lara consiga colar seus cacos. E que, do mesmo modo que expôs sua dor, também brinde aos recomeços. Não aquele da cura instantânea, mas o da melhoria gradual que só o tempo proporciona. O luto pelo fim de um relacionamento é o mergulho em todos os nossos lutos anteriores; a reabertura de baús que queríamos que ficassem fechados para sempre; a revisita à dores que pareciam curadas; e, finalmente, pode ser o entendimento de nossos processos emocionais, o encerramento necessário para que a história não se repita jamais.
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