Tenho prestado atenção em algumas amizades que rolam ao meu redor. Tenho ficado triste com o que vejo.

Como assim? – você deve estar me perguntando.

Eu explico:

Pela superficialidade dos afetos, das conexões. Vejo uma parte interessada em compartilhar momentos, mas outra parte que só divide quando lhe convém. Sabe isso?

Mais do que triste, fico perplexa. É um espanto perceber que algumas pessoas vivem suas relações com base na mercantilidade.

As relações de hoje, não todas, mas muitas delas, são feitas de escambo. “Só te convido pra ir comigo quando eu preciso da tua carona” ou ainda “Eu vou, mas só se não tiver programa melhor”.

É claro que as pessoas não falam isso, elas disfarçam. Ou acham que disfarçam, mas é totalmente perceptível.

Acho triste, mas também acho necessário que a gente se dê conta do tamanho da consideração de quem nos rodeia.

Porque ficar perto de alguém que não entende nada sobre afeto sincero, despretensioso, honesto e verdadeiro, é desperdiçar nosso carinho, que poderia estar apontado para quem realmente nos quer bem.

Isso não acontece mais comigo porque fechei muitos ciclos de mão única. Também encerrei histórias onde só eu escrevia o roteiro.

E digo bem alto para quem quiser ouvir: se precisar, eu fecho quantos ciclos mais forem necessários para só ter ao meu lado quem me deseja por perto, sem segundas intenções, sem manejos estratégicos e escondidos.

Uma coisa a vida me ensinou! Desconfie de quem tem muitos amigos. Pois esse tipo de gente, geralmente, não é amigo de ninguém. Essas pessoas se ocupam de conveniência.

Não tenha medo de deixar ir. Você não precisa dessas pessoas, elas que precisam de você. E entre essas duas situações há um abismo escuro e dolorido – que certamente não é o lugar onde você merece estar.

Desligue sintonias que não cabem mais, se desafaça, não se diminua para caber num espaço que não é seu, não ligue, não permita mais se sentir usado. Amigo que é amigo te quer junto a qualquer hora, em qualquer situação.

Fique com quem não precise de você, mas queira você.

Entende que são coisas diferentes?

Não importa se mal cabem na palma de uma mão. Ou a essa altura da vida você ainda acha que quantidade é importante?

Tenha pessoas de qualidade ao seu lado. O resto é mera distração.

Photo by Aziz Acharki on Unsplash

Ju Farias

Não nasci poeta, nasci amor e, por ser assim, virei poeta. Gosto quando alguém se apropria do meu texto como se fosse seu. É como se um pedaço que é meu por direito coubesse perfeitamente no outro. Divido e compartilho sem economia. Eu só quero saber o que realmente importa: toquei alguém? É isso que eu vim fazer no mundo.

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