Fico pensando como o palhaço consegue fazer graça quando está triste. Esses dias ouvi alguém dizendo que as pessoas mais evoluídas fazem piadas no auge da dor, é uma forma de transmutação.
Dizem que os comediantes curam a tristeza em cima do palco, fazendo rir. É um tanto quanto generoso da parte deles, pelo menos eu acho.
Paulo Gustavo disse que rir é um ato de resistência, sabe que também penso isso? Rir é um ato de resistência e fazer rir é um ato de compaixão.
Quando estou triste, mas muito triste, eu escuto músicas que me deixam mais triste. Esses tempos achei uma playlist no Spotify com o título: “músicas tristes para chorar até dormir”. É tão triste que ficou até engraçado.
Acho que os comediantes têm uma inteligência emocional diferenciada, isso porque fazer graça da própria desgraça é um ato de muita coragem e segurança.
Sei lá, quando fico muito triste, além de ouvir músicas ainda mais tristes, entro no meu casulo escuro e fico ali, abraçada com o tempo que não passa. É uma espécie de cura também. Minha tristeza me causa um rombo no estômago. É tipo quando a gente se apaixona, só que ao contrário.
Já os humoristas não, esses dão gargalhadas em meio ao caos. A comédia é quase como um exorcismo da dor. Ouvi o cara dizendo que quando se chega ao fundo do poço, coberto de lama e barro, o humor salva.
Acredito mesmo, pois rir é um baita remédio pra muita coisa, inclusive pra dor. A pergunta é: como conseguir achar graça diante da dor? Um aprendizado, não é mesmo?
Penso que não existe fórmula correta pra sentir-se triste. Há várias formas, aliás. Há os que ouvem músicas tristes como eu, há os que ficam em silêncio absoluto sentindo cada milímetro da ferida que arde.
Há também os que falam sem parar, porque quando colocam pra fora, como num passe de mágica a dor ameniza.
Seja como for, viver a tristeza é necessário. Seja rindo ou chorando, é preciso enfrenta-la. Entender que sentir dor faz parte, e que está tudo bem ficar triste, é um bom começo pra se perdoar.
Não se culpe por estar triste. A dor também é uma forma de resistência. Mas, veja bem, de resistência, nunca de permanência.
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Quando o palhaço chora, geralmente não há platéia, ele chora escondido para não entristecer as crianças nem desapontar os velhos.Superar a própria dor em favor da alegria dos outros chama-se a arte do altruísmo, muito mais importante do que a arte de fazer rir, apenas.
Sei lá! Na maior parte das vezes, me acho um palhaço meio atrapalhado na confusão do cotidiano. Hahaha... Agora, nestes tempos de crises, uma coisa é certa e acertadamente você escreveu: "Rir é um ato de resistência e fazer rir é um ato de compaixão". Gostei muito do texto. Aliás, gosto de todos de sua autoria. Um grande abraço, amiga Ju F!