Um garotinho de apenas 8 anos, do distrito de Damião Carneiro, no município de Quixeramobim, no interior do Ceará, escreveu uma carta que emocionou o destinatário: a juíza Kathleen Nicola Kilian, titular da 1ª Vara da Comarca da cidade.
O pedido do pequeno foi muito especial: ele queria retirar o sobrenome do pai biológico e incluir o do padrasto, a quem ele chama de “pai de verdade”.
“Senhora juíza, quero pedir encarecidamente que a senhora troque meu nome, que é (…) e quero retirar o sobrenome Sousa, que é o sobrenome do meu pai biológico e eu gostaria muito de usar o sobrenome do meu verdadeiro pai, que é o meu padrasto e ele sim é um pai de verdade pra mim….”, escreveu o menino na carta.
A carta foi escrita a lápis pelo menino, que explicou o motivo pelo qual fez o pedido: “…ele esteve comigo nos momentos bons e ruins. Estou lhe pedindo porque vi no celular a senhora distribuindo cestas básicas para as famílias carentes e isto é um verdadeiro ato de amor ao próximo”, finalizou o garoto.
A juíza Kathleen Kilian havia feito essa ação social que foi citada na cartinha. A ação foi divulgada nos veículos de um grupo de rádio, TV e portal da região na semana passada, sendo visto por muitos, inclusive o garoto. No dia 25 de maio a carta direcionada a juíza foi entregue pela mãe da criança ao radialista Fabiano Barros, apresentador do programa onde que a criança viu a juíza.
“Eles moram a cerca de 40 quilômetros de distância da cidade, a mãe dele aproveitou que veio a sede e foi a emissora me entregar a carta com um pedido dele (garoto): que eu fizesse chegar na mão da juíza, porque ele tinha ouvido sobre ela na rádio. Eu fiquei muito surpreso”, relembra Fabiano.
Fabiano conta que no mesmo dia entrou em contato com a juíza, enviou a foto da carta e a entregou no Fórum de Quixeramobim. “Ela estava em viagem, parou e ficou bastante alegre e surpresa pelo fato de ter recebido a carta e ainda mais por uma criança ter tido essa sensibilidade. Fotografei a carta, enviei a ela, mas já deixei a original no fórum para ser entregue”, disse o comunicador.
Após um dia de ter recebido o pedido, Kathleen Nicola Kilian respondeu ao pequeno, com outra carta. Nela, ela agradecia o carinho e informou mais detalhes sobre o desejo da criança.
“Muito me sensibilizou termos um público, no caso um rapaz de oito anos, em busca de seus direitos, já com imediato senso de Justiça, proclamando à juíza da cidade, vendo a justiça como um local de confiança, um local de amor ao próximo”, destaca a juíza Kathleen Nicola Kilian.
“Caro…(…)Que alegria ser motivo da sua lembrança e receber seu carinho por meio dessa carta. Guardarei sempre comigo. Quanto ao seu pedido, já agendamos o atendimento da sua família na segunda-feira, dia 31 de maio de 2021, às 9 horas. Lá eles vão escultar todos e formalizar os pedidos aqui na Justiça, no Fórum de Quixeramobim, para que eu possa tomar decisões”, respondeu a juíza.
A magistrada continuou a carta compartilhando ensinamentos ao menino. “…quanto a sua fala sobre me conhecer por ser juíza que ajuda as pessoas, nada seremos sem enxergarmos e auxiliarmos uns aos outros. Mantenha sempre seu senso de Justiça, tenha interesse pelos seus direitos e pelos direitos de todos. Estude, seja verdadeiro, sinta, tenha coragem e se comprometa com os seus sonhos… No final do dia, o que faz a diferença é o que nos emocionou e o quanto sensibilizamos as pessoas”.
Então, Kilian finalizou o texto com um poema da poetisa e contista brasileira Cora Coralina. “Já dizia a poetisa Cora Coralina: ‘Não sei se a vida é curta ou longa demais para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido se não tocarmos o coração das pessoas’. De sua nova amiga, Kathleen Nicola Kilian.
Com informações de G1
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