Na última semana, recebi um e-mail de uma leitora querida contando estar com saudade dos meus textos. Eu ando sem inspiração para escrever há uns bons dias! Têm faltado amor, leveza e ironia para compor os cenários das minhas palavras. Aliás, o que têm brotado nas paredes ocas do meu apartamento são os barulhos dos vizinhos e as minhas angústias. E esses dois, somados, têm cavado um buraco fundo no meu coração!
Neste oco, tenho encontrado meus medos: todos estão ali conversando e rindo alto de mim. Aliás, medos são bem sarcásticos! Eles nos lembram sobre todas as questões aflitivas e que, antes do chamado “novo normal“, ficavam escondidas nas mesas dos bares, nas gramas dos parques e nas vitrines dos shoppings. E, neste ponto, mais um problema. Se, ultimamente, não há um leque em que se possa escolher entre mil lazeres, sobram duas opções: estar com a alma equilibrada o suficiente ou, surtar, dia sim e, no outro também, nestes tempos em que tudo soa surreal.
Surtar porque se perdeu o emprego, a renda, surtar porque a cantina sessentona da esquina fechou as portas, surtar porque é preciso sair de casa e ir trabalhar, surtar porque a manicure não tem grana para pagar a conta de luz, surtar porque não se pode mais sair por aí conhecendo caras legais em bares alternativos.
Pirar – no sentido literal da palavra – porque não se tem paciência o suficiente para sermos professoras dos próprios filhos e, muito menos, monjas tibetanas diante dos companheiros. Dez vezes por dia é possível surtar, meditar, rezar, fazer reunião virtual e assistir alguma live sobre negócios. E, depois de tudo isso, vem a vontade de ir à academia, quando antes da pandemia, a gente sempre tinha uma desculpa para não ir!
E, diariamente, é possível surtar um pouquinho mais, porque se nos falta a paciência, para tantos outros, o que falta é a comida.
Afogados em meio às notícias dos jornais e os memes publicados no Instagram, alternamos incrédulos, entre risadas e espantos, escondidos debaixo de máscaras. Não tem negacionismo que se sustente, diante da realidade eminente: o “novo normal” não é nada normal!
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Photo by Flavio Gasperini on Unsplash
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