Pamela Camocardi

Não é o isolamento social que afasta as pessoas. É a indiferença.

São dias difíceis. Sabemos disso. O contato físico está restrito, as demonstrações de afeto precisam ser feitas a distancia e a saudade é o sentimento mais comentado nos últimos meses. Atitudes, aliás, necessárias para conter uma pandemia gravíssima que tomou conta do mundo. O problema é que muitos estão confundindo isolamento social com indiferença e insistido em relacionamentos amorosos que já acabaram há tempos.

Embora a “nova vida” exija novos comportamentos, ser indiferente não é um deles. O fato de estarmos isolados não justifica atitudes frias e apáticas uns com os outros. Já falei isso em outro momento, mas acho oportuno repetir: distância, falta de dinheiro ou aparência não diminuem sentimentos. O que diminui sentimento é a indiferença e a falta de respeito.

Ouso dizer que muitas pessoas aproveitaram esse isolamento social para “sumirem do mapa” jogando a culpa na distância, no vírus e no governo quando na verdade não queriam continuar o relacionamento e não tiveram coragem de terminar. Temos aqui um grande problema: por um lado estão aqueles que se afastaram por opção, mesmo sabendo que poderiam dizer que não queriam continuar a relação e, por outro, temos os que sofrem sem entender o motivo que levou o parceiro a se afastar.

A verdade é que no fundo, bem lá no fundo, sabemos que não é o isolamento social nem a distância que separa as pessoas. É a indiferença, é o descaso, é o tanto faz. Porque como disse Érico Veríssimo: o oposto do amor não é o ódio e sim a indiferença. Mas, frágeis que somos fingimos não acreditar na razão e buscamos desculpas que justifiquem o comportamento alheio.

Entenda que não importa o motivo que fez o outro se afastar, o que importa é como será daqui em diante.

A indiferença dói. Talvez pelo fato de estar associada à insensibilidade e ao desapego, características contrárias às atitudes naturais humanas, a indiferença fere muito e deixa marcas profundas na alma.

Dói saber que o outro cansou, que desistiu, que não nos ama mais. Dói saber que os planos não sairão do papel, que o casamento acabou e que a rotina irá mudar. Claro que dói! A boa notícia é que isso passa e o que parece ser o fim agora é o recomeço de uma nova história.

Então, permita-se viver o novo. Supere o término, seja grato pelo relacionamento e seja livre de sentimentos pesados como a culpa, o medo ou a rejeição. A vida costuma nos surpreender quando estamos com a alma leve e dispostos a viver o inesperado.

***
Photo by Alexandra K on Unsplash

Pamela Camocardi

A literatura vista por vários ângulos e apresentada de forma bem diferente.

Share
Published by
Pamela Camocardi

Recent Posts

Esse filme de romance da Netflix é a dose leve e reconfortante que seu fim de ano precisa

Se você é fã de histórias apaixonantes e da fórmula que consagrou Nicholas Sparks como…

2 dias ago

Na Netflix: Romance mais comentado de 2024 conquista corações com delicadeza e originalidade

Se você está à procura de um filme que mistura sensibilidade, poesia e uma boa…

4 dias ago

Pessoas que foram mimadas na infância: as 7 características mais comuns na vida adulta

Uma infância marcada por mimos excessivos pode deixar marcas duradouras na personalidade de um adulto.…

6 dias ago

“Gênios”: Saiba quais são as 4 manias que revelam as pessoas com altas habilidades

Alguns hábitos podem parecer apenas peculiaridades do cotidiano, mas segundo estudos psicológicos e pesquisas científicas…

6 dias ago

As 3 idades em que o envelhecimento do cérebro se acelera, segundo a ciência

O envelhecimento é um processo inevitável, mas não linear. Recentemente, cientistas do Primeiro Hospital Afiliado…

1 semana ago

Desapegue: 10 coisas para retirar da sua casa antes de 31 de dezembro

Fim de ano é sinônimo de renovacão. Enquanto muitos fazem balanços pessoais, é também um…

1 semana ago