Não lembro quando foi a primeira vez que me apaixonei por ti, mas lembro bem o que senti, deixando indiscutível o sentimento: era quase-amor. Digo assim num quase porque, de fato, nunca teve amor, embora diga que nunca fui tão perdidamente apaixonada como fui por ti. Sabe, nessas andanças todas da vida, ninguém conseguiu fazer cócegas aqui dentro e mexer tanto com meu ego como tu fez. Era um quase-amor. E um desejo muito além de quase.
Bem verdade, quase amei você, porque amava tudo que vinha de ti. Amei tuas horas comigo, amei nossas insônias pervertidas, amei tua pizza de atum, amei tuas linhas e tuas poesias, amei nossos pores-de-sóis, amei as caminhadas de domingo, amei as músicas que não conhecia, amei os filmes que descobri e amei cada programa de sábado, regado à pipoca. Bem verdade, boy, é que amei tanto a nossa rotina, que acabei achando nisso tudo que te amava também. Mas descobri – tarde, mas não muito – que amor vai muito além.
Apesar de, tem uma parte diminuta minha que sente tua falta, porque nessa de quase-amor, quis tentar convencer à mim e a você que nosso quase era um amor além de verdadeiro, tão sincero a ponto de ser para vida inteira. Acreditei muito nisso, sabe? Quis muito isso e fui o máximo de mim que podia, inventei mil maneiras de ser e quis te provar de todas as formas o quão era bom nós dois e como eu podia ser boa para você, além do quesito quarto e lençol. E nesse desgaste de ser mais do que podia, acabo sentindo tua falta, porque eu curtia esse masoquismo louco que era tentar te surpreender.
Mas a vida é uma caixinha de surpresas boy, e cansei de mendigar amores. Enquanto eu mendigava o teu quase-amor, veio um amor novinho e cheinho e tão meu que essa paixão louca se tornou grão de areia perto da imensidão do mar. E mesmo sabendo pouco nadar, me senti mais à vontade por lá do que todo o tempo que passei colhendo migalhas ao teu lado…
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