Em meio às conversas sobre os fins e os começos, me vejo fatalmente me despedindo do amor, que insiste em sorrir, vez ou outra. Minha capacidade de enxergar as coisas boas em tudo segue afinada; minha insistência e abraçar os cacos alheios, remontar corações quebrados e vê-los ganhar o mundo, como um pai num dia de despedida. Me convenci de que, assim como os pássaros, o amor é bonito só se estiver livre.
Tropecei nuns olhares, vi pedaços meus caírem pela estrada, um par de pernas me prenderam toda a poesia, uma voz me parou, o vinho; mares nos quais eu quis mergulhar, virar mar, eram amar demais, que deixei a maré baixar. As despedidas não foram propositais, eu quis ser lar, me vi cais, abraçar quem chegava e deixar ir, quem quis partir..
“Tudo está onde deveria estar”, ouvi por aí.
A verdade é que a cada partida reconheço um pouco mais de quem sou, conheço um eu novo, torcendo pra deixar marcas boas, mesmo diante do extremismo de quem vive como se estivesse se despedindo, com a sede de quem sabe que as coisas esfriam e se perdem no tempo. Urgência de quem vive a vida com pressa, porque se acostumou com as partidas.
Com as chegadas e partidas, aprendi a valorizar o tempo de estar. Com tanto ir e vir, aprendi a abraçar quem quis ficar, mas, abraçar ainda mais forte quem não quis. Aprendi que por mais imenso que o mar seja, por mais peitos nos quais se possa atracar, cada chegada é única, ninguém parte o mesmo que chegou.
A vida precisa fluir, chegar, partir, abraçar quem nos tornamos e esperar o que está por vir.
@giovanegalvan
Leia ouvindo: Smile — David Gilmor
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