Me fala o que/como você está se sentindo? Se eu te contar que até hoje eu não tinha dado a real importância pra essa pergunta, você acreditaria? Eu estou há tantos anos nisso de descrever sentimentos dos outros, meus também, inclusive, mas nunca da maneira que uma pergunta assim deveria ser respondida. E sendo bem sincero, não sei nem se existe alguma resposta ideal para essa questão. Eu sei que já me senti muitas coisas. Às vezes me senti sujo, desonesto, tímido, corajoso e por aí vai. Mas são só pontas, não são sentimentos extensos o suficiente para um questionamento dessa magnitude. Porque é uma grande pergunta. Não é legal responder da boca pra fora e também não dá/ou dá para postergar a resposta com um longo silêncio.
Eu não confio facilmente, apesar de acreditar em tudo que alguém me conta num primeiro momento. Eu falo bastante sobre qualquer assunto, mas enquanto não tenho o que dizer, fico com essa nuvem de solidão na minha cabeça. Eu escuto e absorvo o que está sendo dito pelos outros, mas é quase como se ficasse tudo sem fundo, sem cenário. É uma espécie de solidão que transcende o meu vocabulário. Eu não sei como reagir, como explicar, como entender.
Eu sei, escrever ajuda, falar com amigos, ir à terapia, tentar algum exercício ou esporte e todo essa prática de equilíbrio emocional ajuda. Só que, entende? É esse só que…me fode.
Às vezes eu não sei mesmo como estou me sentindo ou o que estou sentindo. Às vezes eu sou piloto automático na minha própria vida e isso dói pra caramba. Às vezes todas essas conclusões são apenas ilusões criadas pelo meu eu que está com preguiça de acordar pra vida. Às vezes pode ser tanto e não ser nada. Às vezes eu saboto os meus sorrisos em troca de olhar pro nada e pro nada ficar olhando. Às vezes eu desacredito do meu amor. Às vezes eu não me amo desgraça. Mas isso é só às vezes. Só que, mais uma vez ele, nem sempre é fácil de reparar e saber quando chega. Às vezes é quando alguém me pergunta como me sinto e às vezes é sobre como eu me pergunto como eu não me sinto. Loucura? Não. Vida. Eu não sou o vilão ou a vítima dessa história. Eu só sou.
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