Quanto mais o tempo avança, mais acumulamos experiências e saudades deliciosas que nos recheiam o coração. Quando a saudade aperta, quando a vida dói, quando chegam as festas de fim de ano, são as lembranças os maiores alentos que nos salvam da angústia frente ao que se foi e faz muita falta.
Viver é uma viagem imprevisível rumo ao desconhecido, pontuada de acontecimentos improváveis, de perdas irreparáveis, de quedas bruscas e de decepções incontáveis. É uma gangorra emocional, uma montanha-russa de sentimentos que se embaralham o tempo todo. A gente caminha e vivencia uma luta diária entre razão e emoção, porque somos sentimentos que parecem, muitas vezes, incontroláveis.
A gente erra e acerta e erra de novo. A gente escolhe o correto e depois o errado e volta a acertar. A gente machuca quem não merece, a gente se estressa com o que nem é importante, a gente nutre afeto por quem nem se lembra de nossa existência. A gente se entrega sem volta, a gente ama sem retorno. A gente se ferra muito. E então a gente aprende – ou não.
Porém, quando a gente se reergue das dores da vida, a gente fica mais forte e mais seguro do que realmente importa, de quem realmente deve ficar junto. E a gente percebe que aquilo que merece cuidados é tudo o que possui afeto verdadeiro envolvido, sejam sentimentos, pessoas, acontecimentos, sejam lugares. Porque a gente é feliz quando o amor nos rodeia, não importa onde estivermos, não importa se há luxo ou não em volta da gente.
Na maioria das vezes, a felicidade caminha junto com a simplicidade, pois é assim que a verdade fica mais evidente e os sentimentos existem por si só, independentemente do preço das coisas. Café no bule, bolo de fubá, pipoca, tubaína, casa da vó, cheiro da água na grama, pão com mortadela, bolinho de chuva. A simplicidade é a maior riqueza dessa vida.
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Imagem de Eunice de Faria por Pixabay
Texto originalmente publicado em Prof Marcel Camargo
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