A chuva cai mansa sobre o fim da tarde de domingo. Vem como refresco após um dia cuja temperatura passou dos 30 graus. Enquanto a brisa úmida entra pela casa, gostosa como abraço, repenso a vida que durante a semana me trouxe uma desagradável notícia: um colega de escola com quem estudei por toda infância e adolescência se foi aos 37 anos. Moço, bonito, alegre e pai de três filhos. A última vez que nos vimos foi por acaso, mas não impediu de pararmos para uma prosa. Entre os assuntos, falamos sobre a morte e a dificuldade de superá-la. Nenhum de nós dois imaginaria que ela viria buscá-lo em menos de um ano.
Conforme amadureço e me torno ciente do espaço que ocupo neste mundo como ser humano e mulher, concluo cada vez mais sobre a importância de se viver uma vida com sentido. Afinal, não sabemos muita coisa sobre além da morte. Temos crenças e poucas certezas.
Trabalhamos enlouquecidamente para termos coisas e, nem sempre, experiências. Mantemos, por mera preocupação social, cargos e estados civis que não nos trazem paz de espírito. Seguimos a manada da qual fazemos parte, mas não levaremos para o nosso túmulo nenhum dos comportamentos sociais que incorporamos. Quando partirmos, ficará o que fomos, em essência. Meu colega será lembrado pelo sorriso e cordialidade com que sempre nos tratou desde menino, a mãe que partiu será lembrada pelo bolo de fubá que fazia aos domingos, a avó pela forma afetuosa que nos recebia e o vizinho pela forma que dizia bom-dia! Seremos lembranças dos nossos comportamentos e, nossa alma, repositório de nossos aprendizados.
O que temos feito com as nossas experiências? De que forma, as decepções da vida me ensinaram a crescer? Como recebo as alegrias do caminho? De que forma agradeço e desejo? Como sonho e busco?
Desejo – e assim é, cada dia mais – me sentir em paz nas relações e nos lugares em que me encontro. Viver precisa ser uma experiência de sentidos e valores! Desfazer-se das tintas com as quais nos pintaram, enxergar nossa cor original, saber que além de todas as perguntas clichês que a família e a sociedade nos faz – há um eu que precisa de encontro e reconhecimento.
Que um dia, quando eu partir, que a minha alma carregue os aprendizados – frutos de experiências nem sempre boas – mas necessárias para a minha evolução. Carreguemos a leveza e a digna necessidade de sermos feliz ao nosso modo particular… Aquele que faz sentido ao nosso coração e não ao mundo! Afinal, nossa caminhada será sempre feita de despedidas e o nosso dia de partir também chegará. Não há fatalismo e nem tragédia nisso, mas cada vez que alguém que conheço parte, o meu senso de responsabilidade em relação às minhas escolhas se fortalece.
Se você morresse hoje, se orgulharia da sua história?
Foto de Guilherme Veloso no Unsplash
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