Uma brasileira foi selecionada para integrar uma missão simulada na Agência Espacial Europeia (ESA), podendo, quem sabe, ser a primeira astronauta mulher do Brasil.
Ana Paula Castro de Paula Nunes é engenheira aeroespacial formada pela Universidade de Brasília.
“Espero poder participar desse projeto e trazer oportunidades para futuros estudantes ou jovens profissionais no setor aeroespacial do Brasil, mostrando que eles também podem fazer parte de grandes projetos”, disse para o Agências Brasil.
Foram escolhidos seis jovens pelo programa especial e de diferentes nacionalidades. Mas o que mais chama a atenção é o fato de serem cinco mulheres e apenas um homem. Uma vitória!
Ana Paula atualmente faz o seu mestrado em Direito Espacial pela Beihang University, na China.
“Ser uma astronauta de simulação vai me permitir experimentar como é viver na Lua ou em Marte, de um ângulo muito realista”, contou.
A missão na qual Ana Paula fará parte é a segunda campanha do projeto EuroMoonMars in Hi-Sea, da Agência Espacial Europeia, local onde alguns astronautas da Nasa também realizam treinamentos para algumas missões espaciais.
A simulação acontecerá no deserto do Havaí e está programada para durar duas semanas no mês de dezembro.
Os jovens vão se encontrar na Holanda primeiro para alguns workshops específicos e também para treinamentos e, a partir do dia 5 de dezembro, para assim depois se reencontrarem no Havaí para o último treinamento antes da simulação.
Nas duas semanas do programa de simulação, cada jovem experimentará a sensação que é vivenciar uma espécie de missão lunar simulada.
“Isso quer dizer viver como astronauta, comer comida de astronauta, deixar o habitat só com traje espacial para atividade extra veicular e realizar vários experimentos científicos. Nós vamos fazer alguns estudos abordando fatores psicológicos em um habitat lunar. Por exemplo, ficar isolado, interagindo apenas com seis pessoas, falta de ar fresco, banhos curtos, além de outros fatores.”
Além da óbvia e importante experiência, para Ana Paula, existe uma motivação extra: a oportunidade de inserção de mais mulheres em áreas que, tradicionalmente, foram ocupadas por homens através de décadas.
“Acredito que é crucial mostrar que as mulheres podem ter tanto sucesso no campo científico quanto os homens. Nossa tripulação quase toda feminina é um ótimo exemplo desse desenvolvimento moderno da ciência espacial. Outro grande exemplo foi a recente caminhada espacial feminina. Foi um marco. Temos um longo caminho a percorrer, mas acredito que, com educação e maior representatividade das mulheres na ciência, mais meninas vão insistir nos seus objetivos científicos”, disse.
Ainda assim, Ana Paula precisa enfrentar outro desafio: a questão financeira. Isso porque a missão não é custeada totalmente pela agência. Cada candidato deve arcar com metade dos gastos.
“Fico muito feliz de trazer visibilidade positiva para o Brasil, mas, para eu poder participar dessa missão, preciso ter cerca de R$ 16 mil”, contou a engenheira aeroespacial.
Ana Paula espera contar com a ajuda e apoio de agências do governo, instituições de ensino ou do setor privado.
Contudo, ela não vai esperar que esse dinheiro caia do céu e já tratou de criar uma vaquinha virtual pra arrecadar cerca de R$ 9 mil.
Até o fechamento desta matéria, a brasileira havia conseguido pouco mais de R$ 4 mil, ou seja, quase metade da meta estipulada.
Para contribuir na vaquinha da Ana Paula, clique aqui.
Com informações da AgênciaBrasil
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