Adoro a frase de Fernando Pessoa que diz: “Para viajar, basta existir. A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos”.
Acredito que é bem por aí. Qualquer viagem – seja para o Polo Norte, para o quarteirão vizinho à nossa casa ou para uma busca interior em que viajamos para dentro de nós mesmos – irá nos arrebatar em maior ou menor grau dependendo muito mais do nosso estado de espírito do que das condições externas.
Só se encanta quem está vulnerável a se maravilhar. Só aprende quem deseja se aprimorar. Só se aprofunda quem não tem medo de mergulhar. Só conquista algo novo quem tem coragem de se arriscar. Só se apaixona quem deixa a espontaneidade aflorar. Só enxerga possibilidades quem baixa a guarda e deixa a alma voar.
A vida é o que acontece dentro da gente. É o que acontece quando abrimos aquele livro antigo e nos encontramos no último parágrafo do terceiro capítulo. É o que acontece quando tomamos um cálice de vinho e a suave embriaguez nos faz rir de uma piada sem sentido. É o que acontece quando meditamos e encontramos um lugar de paz dentro da mente. É o que acontece quando escalamos uma montanha e nos maravilhamos com o pôr do sol. É o que acontece quando sentimos um perfume conhecido e lembramos alguém. É o que acontece quando o estado de nossa alma transforma a crua realidade em ares de novidade.
Quando viajamos, nosso olhar atribui significado ao que admiramos, nossa alma esbanja vontade de se encantar, e experimentamos a liberdade de ser passarinho sem receio de voar.
Uma pessoa precisa viajar. Pelo menos uma vez na vida, deve partir pelo mundo ou para dentro de si. Só assim saberá sobre voos e retornos, saudades e encontros, sol queimando a pele e pés descalços sentindo o chão, finais e recomeços, eternidades que moram em instantes.
Faça as malas, dê um mergulho, acenda uma vela. Troque o tempo dos relógios pelas batidas no seu peito. Desça do salto, despeça-se das selfies, estenda a mão à falta de explicação. Faça um brinde às possibilidades, permita-se um pouco de bobagem, diminua qualquer bagagem. Sopre dentes de leão, prefira ser passarinho a ser avião, transborde oceano. Faça uma fogueira no peito, destrua mágoas, relembre cantigas de ninar. Viaje para longe ou perto, mas não desista de partir. Se permita deixar-se levar, ser um pouco rio, desaguar no mar. E ao final, retorne verso de poema, que é um pouco sonho, garoa, neblina e sol, concordando finalmente com a frase que diz: “Para viajar, basta existir…”
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Partir pelo mundo, hum... a não ser que não se tenha raízes emaranhadas nos Pets que não se desgrudam de seus "pais" nem que a vaca tussa. Deixá-los na hospedagem não é uma opção que eles apreciem, principalmente os mais velhos, que adoram a rotina da almofada como o cheiro deles, para os bebês que se assustam com mudanças e para os intermediários, que estão plantados em seus locais preferidos de onde não arredam pé nem por um Decreto. Enfim, he, he, todas as faixas etárias desses fofos, que não gostam nadica de nada de ausências dos que amam de paixão, e sofrem pra caramba, até mesmo nas ausências rotineiras, imprescindíveis, claro, de algumas horas por dia. Cães e gatos possuem uma vida breve, importante aproveitá-la ao máximo, curtindo a companhia deles, que logo, logo, precisarão viajar a contragosto, apesar das raízes, carregando um milhão das saudades e deixando um bonde cheio delas, também, encharcado de lágrimas. Agora, viajar para dentro de si, gente boa, isso é imprescindível, fundamental, inadiável e obrigatório para o bem de todos e felicidade geral da nação e os Pets não se incomodam, não, aliás nem ficam sabendo quando a gente adentra os pórticos da alma para rever onde pisou, onde plantou ou não e onde distribuiu sorrisos, às vezes lágrimas, porque passou depressa demais e não pôde ver os que choravam e os que morriam. Voltar sobre pensamentos e sentimentos é vital, não para curtir melancolia e tédio por situações mal resolvidas, mas justo, para o contrário, extraindo lições e remédios para vivências reais do presente extraordinário ou nem tanto, em suma, retocar o retrato e passar a limpo aquele rascunho de si mesmo, tão rabiscado que nem mesmo conseguimos mais decifrar o que escrevemos, bem ou mal. Mas essa viagem precisa ser mais amiúde do que apenas "ao menos uma vez na vida", de preferência sempre que nos desviamos do caminho ou quando nos prendemos demais à pessoas e coisas, esquecidos de que são transitórias, finitas, passageiras e não é legal nos apossarmos delas, porque um dia "se vão" ou "iremos", tão certo quanto dois e dois são quatro. A dica “conhece-te a ti mesmo” atribuída a Sócrates ou inscrita no Oráculo de Delfos (tanto faz), nunca foi tão importante quanto agora, quando achamos que sabemos quem somos, mas não sabemos não, só achamos. Au revoir.
Fabiola, como que faço pra falar contigo?