Rir da depressão de uma pessoa é um dos atos mais cruéis que alguém pode praticar. Debochar dessa doença como se não passasse de uma noite mal dormida ou, sei lá, de uma frescurinha boba é demonstrar ignorância absoluta sobre um assunto tão sério.
O Brasil é o país mais depressivo da América Latina. E, segundo pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão será até 2020, o maior motivo de afastamento do trabalho no mundo.
Em menos de quatro meses já estaremos em 2020, dá pra entender ou quer que desenhe?
Vejo gente falando mal da cantora Anitta porque ela vai se afastar de tudo para tratar a depressão grave que tem. Li comentários bizarros e ofensas terríveis de gente que acha que entende da vida.
Da vida ninguém entende nada, meu amigo. É tudo uma caixinha de surpresas, onde, muitas vezes, o estresse e a culpa ocupam um espaço maior do que a alegria de viver. E aí é só ladeira abaixo.
A depressão mata por dentro, sufoca o peito, causa ansiedade, isolamento, tristeza profunda e uma vontade inexplicável de que tudo acabe logo de uma vez.
Só quem teve a doença sabe como ela funciona. E digo mais: só quem já saiu dela é que pode dizer a força que tem. Não há morte mais dolorosa do que aquela que começa do lado de dentro dentro. Não há!
Aí, o carinha se acha no direito de entrar no perfil de uma pessoa e destilar ódio e amargura, de diagnosticar suas tristezas com tons de deboche, de sátiras, causando uma dor maior ainda do que aquela que já é exageradamente grande.
Deixem a Anitta se tratar, deixem ela se afastar, se isolar, se reencontrar. Você pode não gostar do som que ela faz, mas isso não lhe dá o direito de empurrá-la ainda mais para o fundo do poço.
Vamos trabalhar a empatia, dizer palavras bonitas, dar força, mostrar exemplos de superação. Vamos oferecer a mão para o afago ao invés de dar um soco. Vamos ajudar a cicatrizar ao invés de cortar ainda mais a ferida.
Todo mundo tem alguém que já passou pela dor da depressão, um amigo, uma mãe, um primo. Tem muita gente passando por isso nesse momento e lendo esse texto.
Pra vocês, amigos e amigas, digo só uma coisa (e por experiência muito própria): a borboleta passa pelo pão que o diabo amassou enquanto ainda é uma lagarta. Você vai sair desse casulo escuro e frio e perceber um mundo de possibilidades aqui fora.
Respeito sua dor. Respeito sua depressão. E, mesmo nunca tendo visto você na minha vida, ofereço o meu abraço e as minhas duas mãos para que levante e recomece tudo de novo.
Eu vejo flores em você.
Imagem de capa: Reprodução
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Para se respeitar os depressivos não se pode nem deve enfatizar os sintomas da depressão. A cura que não venha de dentro para fora do depressivo, pode receber ajuda do exterior, de todas as formas possíveis, mas não vai resolver o problema. Você pode jogar a corda no buraco mas quem caiu nele deve segurar a corda mas o depressivo perdeu as forças para movimentar-se fora dele por isso inútil remédios receitados por sumidades, se eles não forem engolidos pelo doente. O depressivo sabe que precisa se esforçar, mas não se esforça; sabe que precisa reagir mas não reage; sabe que precisa viver, mas não quer. Ele sabe que está mal mas não quer ficar bem. E se essa luz que nele se apagou não se acender logo, ele pode sim, morrer, apesar de todas as estrelas do céu dizerem: não faça isso.