Theresa Kachindamoto é uma heroína no maior significado da palavra. Além de educadora, ativista feminista, Theresa é chefe tribal de um distrito do Malawi (na África) e conseguiu algo que parecia impossível: trabalhou assiduamente para anular, nos últimos três anos, quase 3 mil casamentos infantis forçados no país. E o melhor? Esse número vai continuar aumentando já que ela não pretende parar de lutar pelas crianças e adolescentes de seu país.
Com a anulação desses casamentos, que infelizmente é uma pratica legal em grande parte do Malawi, mesmo em pleno 2019, Theresa ainda colocou milhares de meninas coagidas, com idades entre 8 e 17 anos, de volta à escola.
A heroína e ativista também luta arduamente pela criminalização e abolição de rituais que iniciam garotas sexualmente, além do próprio da completa extinção do casamento infantil, um grande tabu no país africano.
Segundo ONGS centradas no combate à misoginia, mais da metade das mulheres malawianas se casam antes de completarem 18 anos. São dados alarmantes, é verdade.
O país, hoje com pouco mais de 18 milhões de habitante, possui um baixíssimo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), algo que infelizmente contribui e muito para agravar a situação da população, especialmente feminina, colocando-as em um patamar de maior ou completa vulnerabilidade social.
Theresa Kachindamoto trabalha pela igualdade de gênero no Malawi há praticamente 30 anos. Em 2016, ela conseguiu um feito até então inédito: instituiu em seu distrito a maioridade de 18 anos para uniões civis.
Você lendo isso pode achar a coisa mais óbvia do mundo, já que na grande maioria dos países esse é o normal, mas foi uma verdadeira guerra para que essa medida fosse aprovada. Lembre-se que estamos falando de uma nação em que é comum ver meninas de 12 anos grávidas. No entanto, para Theresa era só o começo. Ela começou há pouco tempo um embate para que a idade considerada apta para mulheres se casarem seja somente a partir dos 21 anos.
Como curiosidade, no Malawi, o casamento infantil não está relacionado somente aos aspectos culturais. Por ser uma região muito pobre economicamente, o que gera uma desigualdade social aguda, as famílias, compostas por muitos filhos, enxergam na união de uma menina com um homem mais velho (geralmente com um poder aquisitivo melhor) uma oportunidade de diminuir os gastos familiares.
Essa união corrobora para o silenciamento das vozes femininas e também para o aumento significativo da violência doméstica – no Malawi, 1 em cada 5 malawianas são vítimas constantes de abusos. Um dado não só angustiante, mas entristecedor, uma vez que os índices de HIV sofrem um aumento considerável no país.
Logo, não surpreende que a própria Theresa já tenha sido inúmeras ameaças, inclusive de morte, por parte de políticos e figuras locais que são contra os direitos das mulheres.
Talvez eles não conheçam a força que a motive a continuar lutando para implementar políticas públicas e humanas capazes de transformar a vida de milhares de mulheres. Em resposta para todas essas ameaças, Theresa disse que continuará lutando até a sua morte e completa com a seguinte mensagem: “Se elas forem educadas, podem ser o que quiserem”.
Artigo adaptado do site Educate Inspire Change
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