Bruna Cosenza

Quando abrimos o coração para o outro, tiramos um pouco o peso da vida de nossos ombros

Não é novidade para ninguém que a quantidade excessiva de pensamentos e dúvidas que carregamos muitas vezes faz com que a vida pese um pouco mais do que deveria.
É claro que não seremos sempre leves e felizes, mas viver o tempo todo com um peso maior do que suportamos carregar não é nem um pouco saudável.

O processo de abrir o seu coração para o outro

Sou naturalmente mais introspectiva e, diversas vezes, simplesmente guardo os meus pensamentos comigo por medo de ser julgada ou mal compreendida. E justamente por isso tenho tentado conversar mais com as pessoas sobre o que sinto e vivo.

Recentemente, abri o coração para alguns indivíduos do meu círculo social e foi realmente incrível a sensação que veio depois de todo o desabafo.

Pode colocar na conta mais de três, quatro, cinco horas de ideias trocadas. Costumo começar o papo com certo receio, mas depois que me dou conta de que um bom diálogo foi estabelecido, o medo de ser mal compreendida passa e começo a de fato falar sobre tudo.

Nas semanas que passaram fiz esse exercício com ex-chefes, colegas de trabalho, mentores, familiares… No final de absolutamente todas as conversas senti apenas uma coisa: leveza.

Senti que estava tudo bem ter tantos questionamentos, angústias e medos. Era como se, aquelas conversas fossem uma confirmação de que, quando colocamos nossos pensamentos para fora, eles perdem um pouco o peso e a dimensão que têm em nossa cabeça (principalmente quando ficam dentro de nós em um looping infinito).

Estamos sozinhos, mas a jornada pode ser construída em conjunto

Por mais que tenha sido maravilhoso ter alguém com quem compartilhar o que sentia , é claro que não deixei de me sentir sozinha em alguns aspectos. Aliás, aprendi isso em uma dessas grandiosas conversas: infelizmente, uma das verdades mais absolutas que existem sobre a condição humana é que estamos sozinhos. Por mais que tenhamos pessoas ao nosso redor e possamos sim contar com elas, no fim do dia somos nós com nós mesmos.

Nós somos responsáveis por quem somos, nossas decisões e ações. E mais: não deveríamos esperar o tempo todo pelo apoio, aprovação e olhar positivo do outro.

Não é fácil nem simples aceitar, mas é verdade. Precisamos estar prontos para encarar este fato.

Não me entenda mal. Apesar de, sob o meu ponto de vista, esta ser uma verdade inegável, isso não significa que não podemos contar com os amigos, colegas e familiares nos momentos em que precisamos.

Significa apenas que, independentemente de termos o suporte, abraço, palavra ou consolo deles, no fundo precisamos estar preparados para, de certa forma, lidarmos com as situações sozinhos.

Afinal, a vida é nossa. As escolhas são nossas. As ações são nossas.

Como grande conclusão, todas essas conversas me trouxeram muitas histórias e conselhos. Por isso tudo eu sou eternamente grata. E sou ainda mais grata por estar finalmente criando a consciência de dois fatos , na minha opinião, imutáveis.

Primeiro que aprender a abrir o seu coração para os outros pode ajudar a tornar a sua jornada mais leve.

Segundo que, independentemente disso, é preciso estar pronto para lidar com o sentimento de solidão que nos aflige de vez em quando. Talvez ele nunca deixe de existir. E está tudo bem.

Foto de Harli Marten no Unsplash

Bruna Cosenza

Bruna Cosenza é paulista e publicitária. Acredita que as palavras têm poder próprio e são capazes de transformar, inspirar e libertar. É autora do romance "Lola & Benjamin" e criadora do blog Para Preencher, no qual escreve sobre comportamento e relacionamentos do mundo contemporâneo.

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