A vida, às vezes, parece curta demais! Nesses tempos em que evoluir parece ser uma necessidade fisiológica, fica difícil se entregar ao ócio sem sentir culpa. Por uma semana – quem sabe, um ano?! – não quero ter metas a cumprir, cursos a fazer, nem sentir que meu almoço é uma decisão de vida ou morte! Arroz integral porque tem mais fibras, folhas verde-escuras porque tem mais cálcio, silêncio porque não tenho mais saco!
Fico me perguntando se meus antepassados acordavam e dormiam com a clara necessidade angustiante de precisarem ser melhores um pouco a cada dia! A mim, parece que bastava passar o café e alimentar os filhos, educá-los para que fossem decentes, contentar-se com uma vida que não estava ligada a uma geladeira de aço inoxidável, ao carro com air-bag e ao vestido da última moda. Parecia que viver era o simples exercício de ser e nós complicamos tudo!
Voltaire, filósofo iluminista francês, disse certa vez: “Feliz daquele que desfruta agradavelmente da sociedade! Mais feliz é quem não faz caso dela e a evita!”.
Afinal, existir parece ter se tornado sinônimo de “como eu consumo em sociedade”! Diplomas e cursos para preencher currículos, livros que precisam ser lidos às pressas para completar a meta, roupas que ficam obsoletas antes de desbotarem, séries que nunca iremos assistir, fotografias que precisam de likes, filhos e casamentos que não são os nossos… Ufa! Tudo devidamente registrado em código de barras e imagens na internet! Como se nossos sonhos e prazeres fossem bibelôs de uma coleção que precisa ser exibida na estante da sala! Tudo precisa ser “pra fora”, ostentado, acumulado e SIGNIFICATIVO!
Fica sempre a sensação de incompletude porque tudo parece estar um passo à frente de nós: calculadamente, inalcançável! Na rotina de trabalho, há de caber o exercício da paciência perante os egos inflados; nas 12 horas fora de casa há que se incluir a atividade física, e em família, há de se exibir aparências. É preciso pertencer e se espremer só mais um pouquinho! Vai lá! Murcha a barriga que cabe!
Mas o que fica murcha é a nossa vontade, perdida feito uma criança em dia de praia cheia! O mar azul, o sol brilhante, as pessoas felizes e você acuada procurando seus responsáveis! De repente alguém de bom coração te puxa pelo braço e te leva ao porto seguro, ou quem sabe, você mesma – perdida e chorosa – acha o seu lugar! No prato, o arroz integral combina com a feijoada, sua geladeira branca vai “Muito bem, obrigada!” e uma resposta clara e direta para quem extrapola os limites da intimidade não arranca pedaço de ninguém! Se precisamos conjugar o verbo viver, que ele seja no seu eu presente.
Viver, às vezes, cansa! Mas se espremer no mundo dos outros, sufoca!
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