Na sociedade de hoje, há cada vez mais atividades que envolvem contato físico direto, que muitas vezes são rejeitadas ou totalmente assumidas de acordo com a pessoa em questão. Deste fato surge uma pergunta: por que algumas pessoas acham impossível ou irritante entrar em contato com outro? Ou, pelo contrário, por que os outros acham tão fácil? (Salgado, Eslava, Montes, & Mariño, 2003).
Ninguém pode questionar a grande importância comunicativa e expressiva que o contato físico entre as pessoas tem em nossa sociedade. Hall, em 1969, falou dessa importância em relação ao uso do espaço pelos seres humanos e, por exemplo, destacou como a falta de contato físico pode alterar o crescimento físico e mental de um bebê.
Um estudo realizado por cientistas da Duke University, nos Estados Unidos, concluiu que as pessoas precisam receber abraços e carinhos desde o nascimento, uma vez que o contato físico desempenha um papel muito importante no desenvolvimento dos neurônios.
O contato físico com uma pessoa por quem sentimos carinho faz com que nosso corpo libere oxitocina e dopamina, neurotransmissores que combatem o estresse e a tristeza, produzindo uma sensação de bem-estar. Ao dar ou receber um abraço, também aumentamos os níveis de serotonina, de modo a melhorar nosso humor.
O valor físico e emocional do contato
O contato ativa uma série de mecanismos fisiológicos que contribuem para o nosso bem-estar emocional. Especificamente, diminui a produção de cortisol, hormônio relacionado ao estresse, e aumenta a produção de ocitocina, hormônio relacionado ao afeto. Também aumenta os níveis de serotonina, produzindo um efeito relaxante, além de reduzir a pressão arterial e a frequência cardíaca.
Abraçar ou segurar as mãos por pelo menos dez minutos, pode reduzir os efeitos físicos nocivos do estresse, como indicado por um estudo realizado por especialistas da Universidade de Carolina do Norte em Chapel Hill (Estados Unidos).
Em outras investigações, verificou-se que o contato ativou a área do córtex cerebral. Esta região tem a ver com sentimentos de conformidade e confiança. A partir desses resultados, concluiu-se que aqueles que se relacionam com os outros usando o toque, são percebidos como pessoas mais honestas e confiáveis.
O sentido do tato é subestimado e realmente é um dos elementos essenciais para a sobrevivência, especialmente em sentidos idades precoces, como carícias e toque quando somos bebês são tão importantes e tão básicas como comer ou dormir. Progressivamente, passamos da necessidade de contato físico para nos conformar ao contato visual da outra pessoa.
Em resumo, o contato físico favorece o sistema imunológico, reduz o estresse e induz o sono. É essencial para a nossa saúde física e mental, além de uma forma de comunicação com os outros.
A solidão altera nosso cérebro
Até agora sabia-se que a solidão extrema pode causar depressão, ansiedade, demência e psicose, entre outros transtornos. No entanto, um novo estudo nos permite ver um dano extra e mais perigoso que a solidão causa em nosso cérebro. Os pesquisadores usaram um grupo de ratos – que são animais sociais, como nós – e os colocaram em uma sala cheia de brinquedos, labirintos, outras distrações e isolamento social.
De acordo com os resultados publicados na revista Neurobiology of Learning and Memory, esse isolamento social causou nos roedores uma redução no volume do hipocampo, região do cérebro fundamental para o aprendizado e a memória.
Embora as conclusões não possam ser extrapoladas para o ser humano, os pesquisadores sugerem alguns paralelos possíveis. Essa pesquisa pode indicar que o contato físico e as relações sociais possivelmente representam um fator importante a ser lembrado, de modo que nosso cérebro permaneça saudável e que a função cognitiva não se deteriore.
No mesmo estudo, concluiu-se que a solidão prolongada na vida adulta produz alterações cerebrais e déficits de aprendizagem. O isolamento social na vida adulta é um fator de estresse psicossocial que pode resultar em alterações endocrinológicas e comportamentais em diferentes espécies.
É importante que não nos esqueçamos desses dados e que tenhamos em mente que, toda vez que realmente abraçamos alguém, ganhamos vida e qualidade vital.
Editado do site La Mente es Maravillosa
Imagem de capa: pexels
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Carícias, beijos, cafunés e afagos são legais, até mesmo animais (alguns) gostam deles. Mas existe um tipo de abraço que chega mais perto da alma de quem sofre, para ela sofrer menos. Existe um modo de beijar um rosto, diferente de qualquer tipo de beijo que chega fundo no coração daquele que se perdeu, para que se encontre. Nenhuma técnica explícita de comportamento consegue tanto enlaçar e aconchegar quem chora, para que não chore mais, e é tão poderosamente capaz de extinguir soluços para que se calem e adormeçam, do que simplesmente ESTAR PERTO. Basta apenas isso, ESTAR PERTO.