A primeira vez que olhei pra ele, fiquei sem fôlego. E nem era só porque ele era, sem discussão, um homem de fato muito bonito. Foi alguma coisa que eu vi no jeito dele olhar pra mim e ao redor. Eram os olhos mais transparentes e limpos que eu já tinha visto em toda minha vida.
E não sei se depois, tenha sido porque a minha cabeça ficava exatamente na altura do coração dele. Ou se porque era tão bom ficar em silêncio ao seu lado, partilhando a paz de não ter nada que fosse necessário dizer.
Também não sei se mais à frente, no decorrer dos dias, das semanas e dos meses, a gente tenha tido a alegria de descobrir que, embora fôssemos essencialmente tão diferentes, tínhamos as mesmas certezas em relação ao que é honestidade de sentimentos, respeito às diferenças, amor à família e a indiscutível necessidade de poder confiar um no outro.
Eu entreguei minha vida nas mãos desse homem, assim como ele entregou a sua vida nas minhas, simplesmente porque não havia – nunca houve e nunca haverá – medo entre nós.
E o mais bonito é que, mesmo na perspectiva desse nível tão profundo de entrega, sabíamos que era a nossa individualidade que havia despertado o amor. Nunca houve ciúme porque não havia porque haver; nunca houve desconfiança porque a nossa permanência, juntos, foi uma escolha desde o começo. E, nenhum de nós, em momento algum precisou abrir mão daquilo em que crê, daquilo que gosta ou daquilo que vislumbra lá na frente, para provar o que quer que fosse.
Torcemos um pelo outro, se ele está feliz, eu estou também; se ele prospera, minha vida também é próspera; se seu coração aperta, o meu aperta igual. E tudo isso vem em mão dupla, somos dois seres distintos e independentes que não têm a menor necessidade de possuir.
Nossa paixão nasceu de uma atração instantânea e avassaladora. Nos queríamos com a urgência daqueles que descobrem na mesma pessoa, o colo, o porto seguro e o prazer.
Nosso amor se construiu aos poucos, nas comidinhas feitas a dois, nas tardes de preguiça, na doçura das mãos entrelaçadas, nos sábados e domingos que dedicávamos às crianças, no amor de pai que ele acolheu no peito pelos filhos que eram só meus.
Passamos por tanta coisa juntos, conhecemos perdas e vitórias juntos, rimos juntos, choramos juntos, vivemos juntos e somos nós contra o mundo, se for preciso.
Ele conhece os meus pedacinhos mais sombrios, os meus erros mais imperdoáveis, as minhas fraquezas, as minhas forças, os meus medos e as minhas coragens. E, nunca, em nenhum momento me deixou sozinha, ou se aproveitou da minha vulnerabilidade para se fazer maior ou mais forte.
Ele é meu amor, eu sou o amor dele. E esse sentimento, tantas vezes transformado, me transformou numa pessoa infinitamente melhor.
A vida é um bichinho esquisito, cheio de truques, imperfeições e emoções inesperadas. A gente uma hora está no alto da roda da vida, outra hora nos escapa o chão por baixo dos pés. E a única resposta para as incontáveis perguntas que a vida nos faz é o amor.
Não tenho como mensurar a imensidade da gratidão que sinto em meu peito por ter um dia conhecido esse homem. Meu namorado, meu companheiro, meu parceiro, meu melhor amigo. O meu amor é pra sempre seu. A minha vida foi redimensionada pela simplicidade da sua alma, pela força do seu caráter e pela grandeza do seu coração. O amor pra mim tem nome próprio, o amor pra mim é você, João.
Imagem de Adina Voicu por Pixabay
Que profunda declaração de amor! Esse texto é de uma sensibilidade cada vez mais escassa.