Nossas vontades e necessidades são atendidas com um único toque na tela, imediatamente. Não é preciso esperar pelo dia e horário do desenho favorito, basta programar a “smart TV”. O prato de comida aparece pronto, como num toque de mágica. As roupas aparecem limpas no armário não se sabe como. O pensamento é interrompido porque os adultos conseguem ser muito mais ansiosos do que os pequenos e, por isso, vivem tentando adivinhar o que eles querem dizer, o que sentem, do que precisam.
Ansiedade infantil
A ansiedade infantil já acomete uma em cada dez crianças e pode evoluir para um processo depressivo. O importante é raciocinar a respeito e buscar por estratégias que garantam que o ambiente em que sua criança está inserida não seja parecido com uma gincana, uma corrida contra o tempo, além de ficar alarmado.
Nos primeiros anos de vida é mais comum que se manifeste o transtorno de ansiedade de separação; trata-se de um desconforto que a criança sente por ter de se separar de seus pais. Isso acontece porque a criança tem a fantasia de que longe dela os pais podem estar correndo perigo; ou o contrário, ela pode se sentir vulnerável e indefesa na ausência dos pais. É muito importante que no momento da separação os pais tornem o mais tranquilo e claro para os pequenos o quanto ela está segura na escola, na casa dos avós ou dos tios, ou mesmo, na casa de um amiguinho. Nunca se deve sair escondido da criança! Além de aumentar a sensação de abandono e insegurança, essa atitude desfaz elos de confiança, tão necessários para o desenvolvimento emocional dos pequenos.
As crianças também podem apresentar o transtorno de ansiedade generalizada que se caracteriza por uma expectativa excessiva diante de situações ou acontecimentos, a ponto de afetar a criança, tornando-a irritada, com dificuldade para se concentrar, com episódios de exaustão, tensão muscular, enurese noturna, alterações no trânsito intestinal, dores de cabeça e até perturbações do sono e do apetite.
Diante de pelo menos dois desses sinais, além da dificuldade de esperar e da impaciência constantes, é preciso procurar a ajuda de um Psicólogo. A Terapia Cognitivo Comportamental costuma apresentar excelentes resultados nesses casos, porque modifica pensamentos disfuncionais e os transforma em pensamentos funcionais, por meio do reforço positivo aos comportamentos adequados e controle dos comportamentos inadequados, até extingui-los.
Mas, afinal de contas, a criança já nasce ansiosa?
Pode ser que sim, mas não é uma regra. Fatores ambientais e, principalmente o comportamento dos pais pode contribuir para a instalação do Transtorno de Ansiedade. Pais ansiosos, criarão filhos ansiosos; se a criança está inserida num ambiente onde os compromissos se sucedem de forma acelerada, ela observa os pais falando ao telefone, enquanto mexem em papéis ou põem a roupa para lavar e, ao mesmo tempo, tentam ajudar na tarefa escolar, ela vai acreditar que esse modelo “multitarefa” é normal e, com o tempo vai reproduzi-lo. No entanto, há também o fator genético; pais ansiosos e agitados têm mais chance de ter filhos com essas caraterísticas.
O que fazer?
Em primeiro lugar, respire. E não é só modo de dizer, não. Respire mesmo. Porque se você for afetado pelo comportamento ligado no 220 de sua criança, pouco ou nada poderá fazer para ajudá-la.
O mais importante de tudo, no entanto, é compreender que a infância é um período determinado da vida. E ela acaba um dia, definitivamente. Por isso, comprometa-se a garantir que seus filhos terão direito a ela, sem serem pressionados a exibir resultados ou performances. Filhos não são projetos pessoais! São seres humanos com necessidades, habilidades e dores próprias. E cabe àqueles que resolveram trazê-los ao mundo criar oportunidades para que eles cresçam em segurança, com os cuidados adequados, tranquilidade e alegria.
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