Nem tudo o que estiver junto conosco agora poderá permanecer. Nem todos que estão em nossas vidas atualmente poderão ficar para sempre. Somos capazes de eternizar dentro de nós os momentos, as vozes, os sorrisos, as atitudes, os olhares, ou seja, o que sentimos, o que as coisas e as pessoas nos fizeram sentir. Lá fora, nada é previsível e permanente.
O amadurecimento requer lidar com as perdas, com os afastamentos, com as separações que a vida força, uma ou outra hora. Requer entender que nem tudo é culpa nossa, que nem todos nos retornarão afetivamente na mesma medida, que certas coisas e determinadas pessoas não farão parte de nossa jornada o tempo todo. Muitas, inclusive, não estarão conosco nem por um segundo.
Às vezes, poderemos até pensar que alguém tirou de nós alguma chance, alguma amizade, um emprego, um parceiro. No entanto, será preciso ter a consciência de que o que saiu nem era nosso de fato. Aquilo que saiu, muitas vezes, foi o que deixamos escapar, foi quem não nos valorizava, quem não nos merecia. Foi algo a que não nos dedicamos com afinco, com o cuidado necessário.
Muitas pessoas saem de nossas vidas porque não oferecíamos mais nada que lhes interessasse. Ou porque não regamos o suficiente, ou porque elas mesmas não mais prestavam atenção em nós. Às vezes será nossa culpa, outras vezes não. Pode até ser que , inconscientemente, paremos de nos dedicar ao que queremos tirar de nossas vidas, até que saia de vez. Isso em vários setores, como em relação a empregos, amizades e amores.
Enfim, ninguém tira de você o seu parceiro, o seu emprego, o seu amigo, ou as oportunidades, a não ser que estejam disponíveis. Cabe-nos conseguir lidar com isso, aprendendo com cada perda que pontuar o nosso caminho, no sentido de regarmos com afeto e dedicação tudo o que quisermos manter por perto, para que não carreguemos culpas e remorsos pelo resto de nossos dias.
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Foto de Brooke Cagle em Unsplash
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Realmente tudo o que nos pertence por direito, é impossível ser roubado de nós, principalmente se são valores invisíveis, transcendentes, imateriais e eternos. Porém tudo o que conseguimos tocar com as nossas mãos, incluindo nosso próprio corpo, estará disponível um dia, cedo ou tarde, porque nada é para sempre, estamos em trânsito pela vida e, se ainda estamos vivos, é sinal de que ainda não chegamos ao destino. Enquanto isso, isto é, enquanto viajamos, imprescindível o desapego de pessoas e coisas, importante o essencial que permite mais leveza aos transpor obstáculos, quiçá abismos. Valores verdadeiros são os que construímos com suor e lágrimas, independente de pessoas nos ajudarem ou não na construção, doando ou roubando tijolos. É possível roubarem o que adquirimos, o que custou um preço mais ou menos alto, inclusive o amor de uma pessoa que nos jurou fidelidade “eterna” porque tudo é mutável e transitório, temporário e impermanente, inclusive seres amados que podem se despedir, morrendo ou deixando de nos amar. No entanto o que somos de verdade, tatuado em nossa pele está. Impossível remover, sem trauma e dor o que doeu para ser plasmado nela, ETERNO e NOSSO.