Eu sei como você está se sentindo. O mundo se perde em fórmulas mágicas, contudo, comumente, para entender o outro basta apenas olhar com atenção.
Mas quase ninguém olha. No mundo de hoje pouca gente enxerga o que precisa ser enxergado. Eu te entendo. Você se jogou de cabeça em uma história que parecia bonita, você entregou todos os teus segredos para essa pessoa, você acreditou nas verdades dela e hoje você está acorrentada pelos pés em uma situação no mínimo angustiante.
Ei, eu sei pelo que você está passando calada. Eu sei como é sentir medo quando uma porta se abre. Eu sei como é rezar a Deus para que tudo que você está vendo não seja verdade. Eu sei como é segurar a mão de alguém que você desconheceu com o tempo. Um estranho que partilha da tua casa, das tuas coisas, da tua vida como se a tua vida fosse dele.
E agora, passando os olhos pelas tuas fotos e, lendo os cumprimentos por essa tua união, me pergunto como não veem que você não está mais ali. Essas tuas fotos mostram o que sobrou de ti antes de “lajotarem” a tua vida e de fazerem sobre ela uma grande festa. E eu sei quão angustiante é a sensação de ouvir os passos de gente sorrindo e dançando sobre você.
Ei, eu ainda vejo luz nestes teus olhos. Há escuridão em quase tudo, mas no meio desse tudo existe algo lindo: você. Nunca esqueça da tua força. Não esqueça da mulher maravilhosa capaz de impressionar a todos com um sorriso esplendido e bondoso. Não esqueça daquela cujas mãos são capazes de fazer esculturas maravilhosas com a vida. Ei mulher, levanta dessa tumba! Mostra ao mundo que você não morreu. Você não morreu!
Lembre-se, você não pertence a ninguém além de si mesma. Você tem as rédeas da sua vida nas mãos. Não esqueça disso mesmo que te subjuguem dizendo o contrário.
Ei mulher, eu sei que você prometeu pelos teus filhos que aguentaria mais um pouco, mas lá fora é dia. Lá fora é luz. Respira, tira da verdade o teu fôlego. Tira do amor pelos teus a gana para lutar por eles. Não deixe que essa pessoa te arraste para o pior.
Fica de pé. Você vai ver como tudo vai parecer pequeno quando você se levantar. Ainda existe tanto pra ver! Ainda existe tanta luta pra lutar.
Ainda há tanta gente boa pra amar. Levanta mulher! Não duvida da tua força. Grita as tuas dores pro mundo. Para de sorrir com a boca enquanto teus olhos choram mares de tristeza. Volta pros teus. Volta pra tua verdade. Chega de ouvir esse som abafado de festa e de risos como se a felicidade não fosse pra você. Levanta mulher! Enxuga teus olhos. Acredita em você!
Levanta e dança flamenco sobre tudo isso. Sapateia para longe as asneiras nas quais te fizeram crer. Só você sabe de você. Só você sabe da tua força e coragem. Levanta mulher, que quando o mundo ouvir a tua voz, quando a verdade sair da tua boca, ninguém mais vai esquecer de te lembrar.
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Atribuição da imagem: unsplash.com – CC0 Public Domain
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