Sim, eu gostaria de protegê-lo, mas não posso. Ainda que estivéssemos abraçados, algo poderia acontecer a você, nos meus braços. Ninguém pode nos proteger da maldade do mundo, das inconsistências do destino, de nossos instintos. Guardá-lo não seria diferente de prendê-lo. Para vê-lo livre é preciso arriscá-lo. De fato, jamais tinha me preocupado com alguém até amá-lo. Nem mesmo comigo.
Até amá-lo não havia perigo em saltar, não havia passo retrocedido, nem cálculo, nem covardia. Bastou amar para acovardar-me. Me angustia pensar que sem mim no mundo, quem em ti pensaria? Quem choraria no escuro após um pesadelo? Quem velaria o teu sumiço? Quem se alegraria com a tua volta? Que se debruçaria sobre os teus feridos que não eu? Amar me levou ao ponto de pensar às vezes que única falta que eu sentiria desse mundo, seria sentir-me saudoso de você.
Eu brigaria na rua, gritaria mais alto, eu daria medo em quem quer que pusesse meu medo um passo mais à frente. Mas você me reconheceria? Eu que te falo baixo, que te toco leve, que te amo calmo, que visto candura quando contigo? Eu também queria proteger tua alma do vigor alheio em subestimar. Eu adoraria proteger as pontas das pontas dos teus dedos. E eu te aqueceria antes de queimar. E eu te avisaria antes do tropeço. Eu te privaria do constrangimento de saber que descobri a verdade.
Até amá-lo era incabível esperar, era indiscutível meu querer, vinham as vontades antes do próprio precisar. Mas bastou amar para colocar-me no lugar da espera, em segundo lugar. E faço sem ranço, sem força, sem pensar que o preço é alto. O homem que arou a terra, separou a muda, afastou o sol, se incumbiu da água, esperou o galho, afastou a praga, lhe podou as réstias e velou o pomo, pode dar o fruto para quem achar que é digno de merecê-lo. Não, meu amor não pode protegê-lo, mas é ele que me mantém aqui, atento, para curá-lo do mundo.
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Foto de Edward Eyer da Pexels
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