comportamento

Me tornei escritora no fundo do poço. As palavras me curaram.

Algumas crises, que se assemelham a um terremoto, funcionam como bússolas que nos conduzem ao destino que sempre desejamos, mas, que não chegaríamos se estivéssemos em nossa zona de conforto.

Há 3 anos, em pleno processo de divórcio, eu lutava contra uma depressão severa. Mas, mesmo me arrastando, eu fazia faculdade de Psicologia, psicoterapia e acompanhamento psiquiátrico. Fui afastada do trabalho por alguns meses. Eu chorava o tempo todo em casa e, na rua, eu segurava as lágrimas, nem os medicamentos fortes bloqueavam a minha angústia.

Meu apartamento estava vazio e fechado, onde eu me mudaria com o meu filho a algumas semanas. Na terapia, o terapeuta me sugeriu que, se possível, eu o reformasse para iniciar o meu novo ciclo num ambiente novo. Fiz um sacrifício e acatei a sugestão.

No primeiro dia da reforma, eu fui ao apartamento, de longe eu escutava a pancadaria. Abri a porta e me deparei com um caos, tudo quebrado, revirado, e aquela nuvem de poeira cobrindo tudo. Os profissionais ficaram quietos com a minha presença. Ali, em pé, eu ouvi claramente uma mensagem que eu tenho certeza que veio do alto: “Ivonete, está vendo esse cenário, está assustador, né? Mas, vai ficar lindo e aconchegante daqui a alguns dias. A sua casa interior, a sua alma, se assemelha a isso, está toda revirado, toda despedaçada, mas, vai ficar linda e organizada em breve, confie em mim”.

Saí do apartamento toda arrepiada, e segui para a terapia. Compartilhei com o terapeuta que, também se emocionou com a minha fala.

Algumas semanas depois, me mudei para o meu novo espaço com o meu filho, tudo novinho, impecável. A insônia me levava a ficar inquieta, então, passei a rascunhar tudo o que vinha à mente. Na época, eu não publicava textos, eu não acreditava que alguém pudesse se interessar por meus escritos. Mas, escrevia todos os dias, eu permitia que todas as minhas versões se manifestassem por meio das palavras escritas. Aos poucos, as minhas emoções foram se organizando, a minha vida foi ganhando cor e luz.

Um dia, publiquei um texto numa rede social e, várias pessoas sugeriram que eu o publicasse em algum canal de maior visibilidade. Enviei a um site que o publicou no dia seguinte. Pronto, ali se iniciou a minha carreira de escritora, eu achei o meu eixo nessa terra. O texto viralizou e fui produzindo cada vez mais. Eu jogava nos textos as minhas dores, os meus medos, as minhas superações, e percebi que aquilo encontrava identificação em milhares de vidas. Passei a publicar nos principais sites e acabei criando o meu blog Portal Resiliência.

Após um mês no meu novo espaço, o psiquiatra me liberou de alguns medicamentos, fiquei só com um, mas em processo de desmame. Parece exagero, mas é real, dar vida ao meu dom, foi o fio condutor da minha cura. Eu passei a me sentir viva, eu percebi a minha vida fazendo sentido, era como se eu tivesse procurado por isso a vida inteira.

Eu reiniciei a minha vida, fiz novas escolhas, me tornei protagonista da minha história. Investi na terapia, percebi que até ali, eu vivia me violentando para agradar aos outros, chegando ao ponto de me casar sem nenhuma empolgação. Hoje, eu sei quem sou, sei do que quero e, principalmente do que não cabe em mim. Me afastei de pessoas tóxicas, me priorizei, esse é um caminho sem volta. Em dezembro desse ano, concluirei a minha faculdade, serei Psicóloga, disposta a dar o meu melhor para ajudar outras vidas a se encontrarem.

***

Imagem de capa: Pexels

Ivonete Rosa

Sou uma mulher apaixonada por tudo o que seja relacionado ao universo da literatura, poesia e psicologia. Escrevo por qualquer motivo: amor, tristeza, entusiasmo, tédio etc. A escrita é minha porta voz mais fiel.

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  • Parabéns, fiquei emocionada com sua historia, poisme identifiquei muito apesar de não ter ainda me descobrido, espero q esta descoberta venha logo para q eu me sinta c dever comprido comigo mesma.

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