Cristiane Mendonça

A tristeza é necessária e faz parte do roteiro humano

Às vezes, a tristeza vem morar conosco! Senta no sofá, toma sopa sem sal e reclama das notícias do jornal. Fica ali, olhando para as paredes, resmungando baixinho feito uma velhinha infeliz! E o que nos resta fazer para a hóspede indesejada? Café coado na hora e dois ouvidos apurados.

Toda tristeza tem nome, sobrenome e história para contar. Merece ser ouvida! Tristeza ignorada é visita indesejada. Diz que vai ficar “uns dias”, mas não desocupa o quarto por meses a fio. Mas, se damos atenção a ela, se a ouvimos, se ela conta de onde veio e para onde deseja ir, ela se liberta e nos liberta!

E à vontade em nossa morada, com a sabedoria de anos vividos, a tristeza bem acolhida nos ensina boas lições! Menos eufóricos e entusiasmados, olhamos a vida em câmera lenta e com olhos de águia… Sem pressa e reflexivos nos permitimos chorar, esvaziar o poço das frustrações, que caso não seja drenado, nos sufoca! A água represada das tristezas não ditas sobe silenciosa pelas paredes, e quando nos damos conta, cobriu o nosso pescoço.

Não somos felizes o tempo todo e não estamos em paz sete dias da semana! Particularmente, nossa vida parece tranquila, mas nos achega o pai com a glicose alterada, o irmão que se divorcia ou a partida de alguém querido. E conectados com quem amamos, doamos nosso abraço e recebemos em troca um pouco da angústia do outro. A simbiose sentimental nos fortalece.

Tristeza, assim de vez em quando, com hora marcada para ir embora, é visita necessária. Merece nossa atenção e desafia a nossa humanidade… E por mais que asfotos das redes sociais estampem nossos melhores sorrisos, sabemos todos, cada um carrega a sua alegria, mas também seu desafio particular! 

Seríamos tolos se acreditássemos que tudo parece bem para o nosso vizinho, enquanto somente dentro de nós, algumas tristezas chegaram para nos visitar. Amarguras e contentamentos fazem parte do roteiro humano, compõem nossas histórias, estão impressas nas nossas vidas como parte do que somos e do que aprenderemos a ser. Por isso, todo oposto soa como desequilíbrio! A tristeza enraizada ou a euforia cotidiana estão nos extremos e o nosso equilíbrio reside no meio!

Cristiane Mendonça

Cris Mendonça é uma jornalista mineira que escreve há 14 anos na internet. Seus textos falam sobre afeto, comportamento e Literatura de uma forma gostosa, como quem ganha abraço de vó! Cris é também autora do livro de crônicas "Mineiros não dizem eu te amo".

Share
Published by
Cristiane Mendonça

Recent Posts

Esse filme de romance da Netflix é a dose leve e reconfortante que seu fim de ano precisa

Se você é fã de histórias apaixonantes e da fórmula que consagrou Nicholas Sparks como…

2 dias ago

Na Netflix: Romance mais comentado de 2024 conquista corações com delicadeza e originalidade

Se você está à procura de um filme que mistura sensibilidade, poesia e uma boa…

4 dias ago

Pessoas que foram mimadas na infância: as 7 características mais comuns na vida adulta

Uma infância marcada por mimos excessivos pode deixar marcas duradouras na personalidade de um adulto.…

6 dias ago

“Gênios”: Saiba quais são as 4 manias que revelam as pessoas com altas habilidades

Alguns hábitos podem parecer apenas peculiaridades do cotidiano, mas segundo estudos psicológicos e pesquisas científicas…

6 dias ago

As 3 idades em que o envelhecimento do cérebro se acelera, segundo a ciência

O envelhecimento é um processo inevitável, mas não linear. Recentemente, cientistas do Primeiro Hospital Afiliado…

1 semana ago

Desapegue: 10 coisas para retirar da sua casa antes de 31 de dezembro

Fim de ano é sinônimo de renovacão. Enquanto muitos fazem balanços pessoais, é também um…

1 semana ago