Ao que parece, a razão e a emoção são diferentes, também, no quesito memória. Você já percebeu como a distância amplia as qualidades do(a) ex parceiro(a) quando a saudade começa a apertar? É como se tudo aquilo que incomodava fosse se distanciando da realidade, perdendo a força e, chegando a ficar praticamente irrelevante. No caso, as qualidades, mesmo que poucas, são ampliadas, como se fossem vistas com lentes de aumento, enquanto os defeitos são percebidos com olhos míopes.
Em contrapartida, a convivência tende a evidenciar os defeitos do outro, deixando as virtudes meio embaçadas. Aqui o contexto é o inverso: os defeitos são maximizados e as qualidades vistas com olhos míopes. Aquilo que o parceiro possui ou faz de positivo, passa a ser visto como obrigação, nem sempre despertando o devido reconhecimento.
Compreendo que há casos em que, de fato, a percepção ampliada acerca dos atributos positivos do ex parceiro é real. Ou seja, a pessoa era mesmo incrível, mas, suas virtudes não foram devidamente valorizadas ou mesmo percebidas. Dessa forma, pode acontecer uma reconciliação e o relacionamento ganhar um outro formato e prosperar. Há casos em que uma ruptura atua como uma ferramenta poderosa, possibilitando uma ressignificação da antiga relação numa outra muito gratificante.
Por outro lado, há, também, casos em que a pessoa enxerga o que nunca existiu, movida pela carência e pela saudade. Ela passa a romantizar as migalhas que recebia no ex relacionamento como se fossem verdadeiros banquetes. Ela começa a se esquecer que ela mais chorava do que sorria. Esquece que a traição era uma rotina, que não era valorizada, que só ela se esforçava pela relação, enfim, pode ser que se esqueça até das agressões físicas, eu conheço casos.
É preciso muito discernimento para não meter os pés pelas mãos vendo amor onde nunca existiu. É necessário se esforçar para buscar na memória cada motivo que fomentou o fim do relacionamento e mostrar ao coração que não é possível deferir o pedido dele. O coração tem preguiça de pensar, então, que a razão faça o papel dela, direito.
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