Sobre esse bombardeio de mensagens afirmando que você nunca deve olhar para trás, então, quero lhe dizer que não é bem assim.
Permita, sim, olhar para trás de vez em quando, para contemplar o caminho que seus pés cansados percorreram até chegar onde está agora, e, se por ventura, sentir um nó na garganta, deixe as lágrimas rolarem pela sua face, até o nó se desfazer.
Olhe para traz, sim, que mal há nisso? Olhe para se dar conta do quão você forte foi ao superar cada obstáculo que se levantou em sua caminhada. Olhe para encher o peito de gratidão e orgulho por não ter desistido quando muitos esperavam e torciam por isso.
Visite o passado, não para sofrer, mas para se certificar de onde saiu e do que foi capaz de superar, para se agarrar à certeza de que nada nem ninguém pode conter uma pessoa motivada, guerreira e disciplinada como você.
Vá, visite, em pensamentos, aquelas pessoas que zombaram dos seus sonhos e que menosprezaram a sua capacidade de transformar aquela realidade que tanto o(a) oprimia. Aproveite a ocasião e presenteie-os com o seu perdão, eles, seguramente, já se sentem constrangidos ao se darem conta de que você triunfou, contrariando todas as profecias malignas deles.
Pode ir, vagueie um pouco pela infância, quando você sentia vergonha até de sonhar, e brinque um pouco com aquela criança assustada que você foi um dia. Comemore com ela as suas conquistas, abrace-a, sorria para ela, brinque com ela, diga o quanto ela é linda e guerreira. Sobretudo, agradeça-a de todo o coração pela colheita dos frutos oriundos das sementes que ela plantou.
Perambule um pouco pelo passado, assista, a uma certa distância, aquele espetáculo triste do qual você foi protagonista, aquela relação abusiva que a sepultava viva que você, bravamente, disse ‘chega’. Aqui, não se demore, fique apenas o tempo suficiente para se perdoar e perceber que tudo se fez novo e que a felicidade deverá ser a sua bússola, sempre.
Vá ao passado para se perdoar e para liberar perdão. Perdoe os parentes que o(a) humilharam, os amores frustrados, os patrões abusados e os inimigos disfarçados de tapinhas nas costas. Aproveite e agradeça também. Externe a sua gratidão a quem deixou essas digitais lindas que você carrega tatuadas na alma.
Está permitido(a), sim, visitar os vales assombrados de onde saiu, só para se dar conta de que a resiliência é a sua marca, sua companheira de jornada, tatuagem sagrada que marcou a sua alma e que faz de você essa pessoa única, especial e inspiradora para tantas outras vidas.
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