Certa vez li num artigo desses de revista que a natureza do ser humano não é monogâmica; que essa história de “felizes para sempre” é uma utopia; e que, “até que a morte os separe” não passa de folclore. Eu concordo!
Acho dificílimo encarar a missão de passar uma vida inteira com um único parceiro ou parceira de jornada. Defendo a ideia de que devemos ficar juntos enquanto houver na relação respeito, alegria, bom-humor, tesão (que não necessariamente precisa ser na cama), e parceria.
A ideia do amor eterno é por si só um conto de fadas, não é possível escrever histórias no mundo real, sem contar com os autos e baixos da convivência; com as mudanças de planos ou com as paixões que nos encontram mesmo se estivermos bem casados ou bem estabelecidos – do ponto de vista romântico -, com alguém muito, mas muito bacana mesmo.
Essa história de que a relação precisa estar trincada ou falida para que um dos dois se interesse por outro alguém é pura mentira. A vulnerabilidade não depende do esforço do outro. E enquanto estivermos em busca de alguém que nos complete, vamos viver aos tocos por aí… Seres incompletos buscando fazer do outro, próteses afetivas.
Mas… então… não há histórias de amor felizes, bem-sucedidas e vitoriosas?
Claro que há!
Mas, vai por mim… toda história de amor tem prazo de validade! E isso não é triste! De jeito nenhum! Aliás… muito pelo contrário! Isso só quer dizer que a gente pode amar muitas vezes durante a vida; de diferentes formas; com outros olhares, tintas e cores.
Hoje em dia, temos acesso a muitas, inúmeras formas, de nos conhecermos melhor. As terapias psicológicas estão mais acessíveis. Nunca se ouviu falar tanto em meditação, transcendência, liberdade!
O que nos falta é sair da teoria e trazer para prática esse vasto cabedal de ideias libertadoras e honestas no que há de mais bonito em ser honesto.
Se antigamente, quando as pessoas acreditavam mesmo que o que Deus uniu o homem não separa, quando as pessoas viam no casamento um fim, quando havia muito mais correntes do que há hoje, a traição já era uma covardia… Hoje em dia, é sinal de burrice, para dizer o mínimo.
Se seus olhinhos ou qualquer outra parte do corpo der sinais de interesse para além dos limites de sua relação estável e monogâmica, abra o jogo com sua cara metade. Seja corajoso ou corajosa para admitir que mudou de ideia. Na hora, pode ser que você ganhe um desafeto, que cause dor, até mágoa. Mas, com o tempo pode de verdade ganhar o respeito do outro, que não verá em você uma fraude, mas alguém de quem se lembrar com ternura, ainda que seja com uma boa distância.
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