Ivonete Rosa

Não me julgue por ser intensa, não consigo ser diferente

Eu pago um preço por ser intensa, e o ônus é alto, desde que me entendo por gente, me percebo julgada, criticada, hostilizada e, até mesmo ridicularizada. Constantemente, experimento a sensação de pertencer a outro planeta e isso me arranca lágrimas. Escrever sobre isso contribui com a organização desse emaranhado de sensações e sentimentos tão aguçados, mas por favor, me poupe do seu diagnóstico, eu não sou uma mulher perturbada, eu apenas sinto demais, sou muito à flor da pele.

Eu ainda não me acostumei com os olhares de reprovação em alguns contextos, como ocorre de vez em quando, de eu não conseguir conter as lágrimas durante o atendimento em determinadas ocorrências como Bombeira. Sim, acontece, por mais profissional que eu seja, e mesmo tendo 23 anos de profissão, eu capto a dor e a angústia alheia, e me permito chorar. Isso não me torna menos profissional que ninguém.

Às vezes, me esforço para conter a vontade de abraçar pessoas que despertam algum encanto em mim, seja num balcão de aeroporto, seja num caixa de supermercado, seja quando ouço um relato de alguém que superou uma dificuldade…eu sinto vontade de agradecer ou parabenizar abraçando. Mas, daí me lembro que isso não é ‘normal’, em nossa sociedade, os abraços andam cada vez mais raros, então, abraço apenas mentalmente.

Eu sou aquela mulher que tem dificuldade em modular a altura da risada, quando o riso vem, é de dentro pra fora, e já vi muita gente me olhando como se eu fosse louca por isso. Quando o meu namorando vai me contar algo, eu fico namorando o semblante dele, e vou me encantando com cada detalhe, como se fosse a primeira vez, e, quase sempre, eu o interrompo com beijos, carinhos e afagos. Ele ama isso, mas esse comportamento eu reprimia com outros parceiros porque não me sentia confortável.

Eu me arrepio ouvindo músicas, choro vendo filmes e olhando fotografias antigas. Quando me entristeço, olho a tristeza nos olhos, não tento fugir dela pois sei que ela está me mostrando algo. Aprendi que ignorar uma tristeza é dar a ela a permissão para voltar mais depois, sem data para ir embora.

Eu sou essa bagunça, essa mistura de timidez, intensidade, sensibilidade e paixão. Eu não sei sentir nada pela metade, eu me jogo com tudo, é a minha forma de existir nesse universo.

Ivonete Rosa

Sou uma mulher apaixonada por tudo o que seja relacionado ao universo da literatura, poesia e psicologia. Escrevo por qualquer motivo: amor, tristeza, entusiasmo, tédio etc. A escrita é minha porta voz mais fiel.

Share
Published by
Ivonete Rosa
Tags: intensa

Recent Posts

Esse filme de romance da Netflix é a dose leve e reconfortante que seu fim de ano precisa

Se você é fã de histórias apaixonantes e da fórmula que consagrou Nicholas Sparks como…

2 dias ago

Na Netflix: Romance mais comentado de 2024 conquista corações com delicadeza e originalidade

Se você está à procura de um filme que mistura sensibilidade, poesia e uma boa…

4 dias ago

Pessoas que foram mimadas na infância: as 7 características mais comuns na vida adulta

Uma infância marcada por mimos excessivos pode deixar marcas duradouras na personalidade de um adulto.…

6 dias ago

“Gênios”: Saiba quais são as 4 manias que revelam as pessoas com altas habilidades

Alguns hábitos podem parecer apenas peculiaridades do cotidiano, mas segundo estudos psicológicos e pesquisas científicas…

6 dias ago

As 3 idades em que o envelhecimento do cérebro se acelera, segundo a ciência

O envelhecimento é um processo inevitável, mas não linear. Recentemente, cientistas do Primeiro Hospital Afiliado…

1 semana ago

Desapegue: 10 coisas para retirar da sua casa antes de 31 de dezembro

Fim de ano é sinônimo de renovacão. Enquanto muitos fazem balanços pessoais, é também um…

1 semana ago