Eu pequei. Pequei em não saber dizer uma simples coisa. Não sabia dizer “não”.
É inevitável a quantidade de vezes em que parti o meu coração e quebrei o de alguém por não saber dizer não, fazendo tudo se desencadear em términos tão dolorosos quanto mertiolate antigo na ferida. É difícil aprender, mas eu aprendi que não adianta empurrar nada com a barriga.
Não adianta querer bem se o outro te faz mal. Não adianta torcer pra dar certo se você já sabe que o final será sem título pra nenhum dos dois sem nem direto à prorrogação. Não adianta dar teu melhor se do outro lado existe um muro onde, em vez de retornar com reciprocidade, será como jogar ovos nele. Eles baterão no muro, se quebrarão e ali irão ficar.
Dizer não é libertador. Não ceder ao que não lhe faz bem é algo que te acrescentará muito, mesmo que no momento atual tu não entenda. O sexo pode ser ótimo. Dormir juntos de conchinha num domingo chuvoso, algo difícil de esquecer. Só o tempo lhe fará entender algumas decisões.
Pagar pra ver muitas vezes é doloroso e sem reembolso. Se notar desde o começo que aquilo não vai vingar, contrariando teu tolo coração que insiste em fazer daquele encontro o melhor roteiro que uma história de amor poderia ter, se abstenha. Siga. A sensação que irá sentir é parecida com quando você é criança e lhe tiram um pirulito gigante das mãos quando você o acabara de dar a primeira lambida, dizendo que aquilo faz mal pros dentes.
Dizer não é abdicar-se de várias discussões futuras que você já sabe que irão acontecer sem nem mesmo precisar de estar no futuro pra perceber. Dizer não é muitas vezes saber que tá deixando um amor pesado na espera de um que transmita leveza. Saber dizer não é deixar as lágrimas caírem sem medo. É olhar nos olhos e pedir desculpas sinceras por não seguir. É não aceitar menos do que merece. Dizer não é abrir a porta para muitos outros “sim”.
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