Isabella Goncalves

Seu silêncio foi o adeus mais bem dito que já ouvi.

Eu tô indo embora. Sei que você não perguntou e, às vezes, nem vai notar, mas pelo pouco que você me conhece sabe que eu viria dizer adeus, ainda que sem resposta. É que eu cansei. Cansei de viver por dois, amar por dois, entender por dois, conversar por dois.

Me doei demais e você nem quis receber. Minha intensidade assusta, eu sei. Mas, olha, de verdade, prefiro ser assim. Quando senti saudade, eu disse. Quando quis seu abraço, pedi. Quando você fez silêncio, quebrei. Quando você me partiu, consertei. Quando você, naquela noite, me pediu entrega, entreguei. Até o que eu não tinha, te dei. Até o que eu não sabia possuir, ofereci.

Você estava perdido, meio mal, não sabia por onde ir. Segurei sua mão, segurei forte e te disse que não te abandonaria. Mas, você me abandonou e eu não posso continuar acompanhando quem quer seguir sozinho. Não estou quebrando promessa. Longe disso. Estou me quebrando pra deixar você ser inteiro longe, como quer. Estou partindo pra não me doer mais ver esses olhos vazios, toques cautelosos, palavras poucas e sem sentido. Sentir você já não sabe mais.

Não pense que vai ser fácil, mas você nem liga, né?! Seu silêncio foi o adeus mais bem dito que já ouvi. O meu é escrito pra eternizar o que, talvez, eu poderia me esquecer se só falasse. Você quebrou promessas, me quebrou, quebrou o que levei um tempão pra arrumar e, sinceramente, não preciso disso. Não mereço isso. Você, que disse que continuaria aqui, que aceitou os meus abraços demorados, meu colo, meu corpo e meus olhos. Você que disse querer me conhecer melhor que eu mesma.

Não sei onde eu errei ou se errei. Talvez o erro tenha sido acreditar em quem não sabe ser de verdade. Eu sei que sou. O meu adeus também vai ser. E se algum dia você perceber o erro que foi ter perdido o amor que um dia você me pediu e eu dei, saiba que vai ser tarde demais. Eu amo muito, mas me amo mais.

Isabella Gonçalves

Formada em Direito, apaixonada por livros, pessoas e céu cinzento. Escrevo porque gosto e quando quero. Inconstante, dramática, sonhadora. Vejo 100 onde há um. Vejo um onde há 100 vazios. Confiável, confiante, e que siga a vida! Adiante...sempre.

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Isabella Gonçalves
Tags: silêncio

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