Há quem morra de medo da solidão… e, por isso, barganhe seu afeto por qualquer companhia, sem se importar se é de qualidade, boa ou nem tanto.
Esse comportamento nos leva a tristes desfechos, pois pegamos nosso pesado pacote de inseguranças e jogamos em cima do outro dizendo: “Toma, cuida disso e resolve para mim”.
Depois, já que temos nossas expectativas, obviamente frustradas, costumamos colocar a culpa do fracasso dos nossos relacionamentos na *SORTE*.
Mas a sorte não tem nada a ver com isso. Nossas inseguranças e medos e expectativas são NOSSAS, portanto, NÓS é que temos que cuidar delas.
Aprender a ficar sozinho não é condenar-se à solidão.
Podemos ser casados, com nosso companheiro ou companheira dormindo ao nosso lado e sentirmo-nos absolutamente sozinhos.
Podemos estar em um estádio de futebol, lotado, em final de copa do mundo e… sentirmo-nos sós.
Podemos, ainda, estarmos sentados com a família toda reunida e, ainda sim, termos a nítida sensação de que estamos sozinhos.
Nós nos sentimos sozinhos quando não nos sentimos compreendidos, aceitos, ouvidos. Percebidos. Inseridos. Contextualizados.
Mas você percebe que isso tem mais a ver com a SENSAÇÃO do que com a SITUAÇÃO?
A situação, na maioria das vezes, não pode ser mudada a nosso favor, nem sempre temos como intervir. Mas sempre podemos trabalhar em nós o impacto que essas situações causam. Sempre podemos aprender a olhar por um outro ângulo de visão.
Deixe-me contar um segredo: As pessoas que têm medo da solidão não têm medo da solidão, têm medo de si mesmas. Essas pessoas não se conhecem a fundo. Julgam-se más companhias e desinteressantes para si mesmas. Elas têm medo do “vazio” que podem vir a experimentar com a solidão. Medo do que podem sentir. Mas, ao meu ver, deveríamos ter receio é de termos uma presença que, às vezes, nos causa mais problemas do que alegrias, que nos rouba de nós mesmos, só para (tentar) preencher as lacunas que nós acreditamos não sermos capazes de preencher sozinhos. Quem precisa muito de algo é porque não tem.
Uma pessoa que diz precisar muito de amor é porque não tem amor por ela mesma.
Uma pessoa que julga precisar muito de uma companhia é porque é faltante para si.
Então, antes de nos desesperarmos com a hipóteses de nos depararmos com o bicho papão da Solidão, uivando furiosamente para nós, com garras e presas imensas, pronta para nos jogar num quarto escuro e gélido, à mercê da própria sorte, que tal diminuirmos essa imagem em nossas mentes?
Qual é a imagem da Solidão para você? Solidão tem imagem? Tem sim. Nosso cérebro funciona com imagens.
Pense na solidão e no temor que ela lhe causa e diminua a imagem, se ela for em preto e branco, a torne colorida, com cores bem alegres e se ela for super colorida, coloque-a em preto e branco e desassocie-se da imagem, deixe-a bem pequenina na sua imaginação e empurre-a para longe de você. Mantenha-a longe, segure mesmo, com a mão, a imagem que representa a Solidão na sua cabeça.
Então, volte-se para si mesmo, pergunte à sua mente inconsciente: “De onde vem tanto medo?”
Tudo que nos apavora nos domina, e tudo que enfrentamos perde o poder.
A solidão consentida se torna uma grande aliada. Então, convide-a para entrar. Ela nos oferece uma oportunidade ímpar de autoconhecimento e amadurecimento.
Aprender a ser uma boa companhia para si é um processo altamente libertador, pois quando nos damos conta que somos suficientes, de que nos amamos verdadeiramente, acabamos com a dependência emocional. E, dessa forma, passamos a selecionar bem quem estará ao nosso lado e não mais aceitaremos qualquer coisa por medo.
A vida ganha uma outra perspectiva e um mundo novo em plena expansão se abre dentro de nós! Paramos de nos lamentar e ficarmos tristes porque não temos companhia para o cinema, e começamos a ver a graça de ter LIBERDADE. Liberdade de poder ser, estar, ir, voltar, ficar, usar e fazer o que bem quisermos. Passamos a ser mais gentis conosco e estabelecemos diálogos profundos, intensos e sinceros.
Uma pessoa que aprendeu a ficar só passa a ressignificar toda a sua jornada, a prestar muito mais atenção às pequenas coisas cotidianas, valorizar mais as amizades sinceras, ser mais seletiva com quem entra em sua vida e, acima de tudo, passa a respeitar e entender a si própria.
Como você quer oferecer algo de qualidade para alguém, se você não tem esse algo? Quem não se conhece, não pode se doar de verdade, para ninguém.
Mude a chave mental da sensação de angústia que a solidão lhe causa, para a sensação de curiosidade, de excitação, que essa viagem interior pode lhe proporcionar.
E lembre-se de que ninguém é nada neste mundo, todos nós ESTAMOS algo.
São condições passageiras, para quem é passageiro nesta vida.
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