Eu queria ficar. Queria ficar e colocar “Yellow” pra tocar e dançar com você e cantar desafinado e te fazer rir. Eu queria ficar e pegar a estrada com você pra um lugar qualquer e pegar sua mão e ver o sol se pôr e discutir de onde a gente veio, pra onde a gente vai, qual o melhor filme que o Leonardo Di Caprio fez e qual o melhor filme francês.
Eu queria ficar e deitar ao seu lado antes de dormir pra você encher meu pescoço de beijo me fazendo sorrir de olhos fechados e me abraçar no meio da noite me puxando pra perto. Eu queria ficar e encarar esses olhos, te fazer cafuné no sofá, pedir comida num domingo à noite e rezar pro tempo passar devagar, bem devagar pra eu poder te cuidar por mais tempo.
Eu queria ficar e brigar com você, discordar, ficar dias sem falar e depois fazer as pazes, ouvindo sua voz que me acalma e selando a paz com o seu abraço que faz o mundo sumir. Eu queria ficar e te ver mudar, crescer, conquistar tudo o que sempre quis e vibrar com você, lembrando dos dias que já foram cinzas, tomando uma cerveja gelada brindando à vida.
Eu queria ficar (sempre) com você e perder noites de sono, ir a shows, pro meio do mato, pra cidade de pedra, pro meio do rio, pra longe da correria dos dias. Eu queria ficar na parte da história onde (ainda) estamos juntos, onde não viramos passado, poeira, besteira, algo pra se guardar naquela gaveta que nunca se abre. Eu queria ficar. E fiquei. Você que partiu levando junto tudo o que eu sempre quis que ficasse.
Eu queria ficar até os créditos do filme, até o final da música, até o capítulo 16 do livro, até o dia amanhecer, até a garrafa de vinho acabar, de dezembro a dezembro. Eu queria ficar e dançar com você a minha música preferida do Elvis, no repeat, até os sapatos ficarem gastos. Eu queria ficar e encontrar mais pintas pra memorizar, mais detalhes pra guardar, mais histórias entre nós pra viver.
Eu queria. Eu quis. Eu quero. Sei lá.
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