Vivemos tempos de amores descartáveis, desses que são substituídos num piscar de olhos. O tempo todo, podemos ver, estampados nas redes sociais, relacionamentos cinematográficos, dignos de filmes hollywoodianos. Contudo, dois fatores chamam a atenção nesse contexto: a rapidez com que esses romances são desfeitos e a facilidade com que os ex-parceiros são substituídos.
A situação é tão delicada que já não convém perguntar a um amigo como vai o fulano ou a fulana, na condição de parceiro amoroso. Isso pode gerar um grande constrangimento, dependendo do contexto, pois aquela paixão tórrida da semana passada poderá ter se transformado num contato bloqueado nas redes sociais dessa pessoa.
Paralelamente a esse contexto, temos, contribuindo com esse cenário, uma geração que se comporta como se o Universo girasse em torno do próprio ego. Vou explicar: hoje em dia, sem generalizar, as pessoas estão muito focadas no “eu quero e pronto” ou “eu me interessei e foda-se”. É assim: a pessoa entra nas redes sociais, vê uma pessoa que desperta o seu interesse e pronto, isso basta para que ela use de todas as armas para conquistá-la. Pouco importa se a pessoa é comprometida, esse detalhe é algo completamente irrelevante.
Tudo gira em torno do “eu quero”. Mensagens são enviadas, trocadas, nudes também. E daí se o envolvimento com essa pessoa possa gerar a destruição de uma família? Quem liga se esse vínculo venha se desdobrar em uma tragédia? Ah, isso não é problema, importa é que aquele objeto de desejo seja conquistado. Não precisa de sentimento, basta uma atração física para que alguém jogue um relacionamento de décadas no lixo.
Ter um relacionamento confiável em tempos de redes sociais tornou-se um dos maiores desafios para o ser humano. Você se relaciona contando com a possibilidade de haver uma chuva de “contatinhos” fazendo investidas em seu(a) parceiro(a) e precisa contar também com a ideia de ele(a) estar correspondendo. Sim, relacionamentos em tempos de redes sociais é como dar um tiro no escuro, é brincar de roleta russa, é um terreno de areia movediça no que se refere à confiança.
Afortunados mesmo são aqueles que possuem um parceiro fiel e leal. É que eu entendo que a traição não se resume a estar fisicamente envolvido com outro. Um parceiro de verdade evita situações que possam contribuir com a ruína do seu relacionamento. Ele(a) sabe se colocar no lugar do parceiro ao ponto de perceber que determinados comportamentos o deixariam arrasado se ele(a) tomasse conhecimento. É aquele(a) parceiro que pensa “eu não gostaria que ele(a) fizesse isso comigo porque eu me sentiria traído(a).”
Por fim, uma constatação: nunca houve uma época em que tivessem tantas opções para um relacionamento, o mundo está abarrotado de pessoas carentes e desesperadas por uma suposta companhia, e essas pessoas estão dando sopa nas redes sociais. Contudo, ao que parece, essas pessoas não conseguem lidar com tanta oferta. Muitas encontram uma parceria bacana mas, por não querer abrir mão dos “contatinhos”, acabam jogando fora a oportunidade de viver essa relação gratificante. Elas querem tudo ao mesmo tempo, querem alguém que as levem a sério e querem manter uma vida paralela de solteiro(a). E como acabam? Acabam sozinhas e frustradas, vivendo a ilusão de serem desejadas por muitos quando, na realidade, não tem ninguém que se importe de verdade com elas. É preciso ficar claro que toda escolha requer concessões nessa vida. Não é possível ter um relacionamento próspero se você não está disposto a pagar um preço por isso.
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