Essa é uma pergunta que eu me faço quase diariamente. Por que as pessoas têm tanto medo de sentir? De lidar com o que sentem? De assumir o que sentem? Nossa geração lida com depressão, transtorno de ansiedade, síndrome do pânico e mais um tanto de questões emocionais que só fazem pesar a existência. De onde vem isso tudo? Não é fácil encarar os monstros, né? Não é fácil enfrentar o que assusta.
O “bicho papão” não está mais embaixo da cama, está dentro de nós. Saber disso, saber que olhar pra dentro vai trazer as respostas, que elas não estão em nenhum lugar do lado de fora, assusta demais. Mas é o primeiro passo, sabe?! Nós não precisamos de muralhas e corações de pedra pra esconder o que sentimos.
Eu sempre fui transparente com o que sinto e isso não quer dizer que eu saiba lidar – a todo momento – com os meus sentimentos, mas sim que eu nunca tive vergonha de mostrá-los. Quando eu gosto, eu falo. Se incomoda, eu falo. Se dói, eu mostro. Se eu tô triste, eu tô. Se eu tô feliz, eu tô. Se eu sinto saudade, eu sinto. Se eu erro, eu assumo. Porque eu não tenho medo de sentir. Ao contrário, tenho medo de me tornar alguém que não sente nada, que não valoriza o sentir, que passa pela vida sem o gosto do profundo (e do desconhecido).
Não tenha medo de sentir, de falar sobre os seus sentimentos, de demonstrar. Só não se deixe ser escravizado por eles. Temos emoção, mas temos razão também. O equilíbrio é o mais difícil e por isso a nossa geração caminha em descompasso. Ou pesa para um lado ou para o outro.
Eu não posso falar por todos, mas posso falar por mim e, sim, eu carrego traumas, cicatrizes, medos bobos e outros reais. Já fui decepcionada um bocado de vezes por pessoas que me valiam muito. Já ouvi absurdos de pessoas próximas, já traíram minha confiança, já fizeram pouco do que eu sinto, até mesmo de quem eu sou.
Tenho questões mal resolvidas, mas nada disso me faz ficar assustada a ponto de temer os sentimentos que me causam. Tem tanta coisa que a gente perde simplesmente por ter medo de arriscar, entende? A gente precisa parar de ter medo de ser quem é, de falar (com responsabilidade), de sentir (com respeito), de enfrentar (de peito aberto) o que nos assombra.
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