Recentemente, o depoimento de uma mãe cujo filho de 9 anos de idade se suicidou em decorrência de bullying sofrido por ser gay, nos Estados Unidos, chocou a opinião pública. A mãe, Leia Pierce, deixa-nos uma mensagem simples, mas essencial, nos dias de hoje: “Ensinem seus filhos a amar. Que é tudo bem ser diferente, porque somos todos diferentes. Ninguém é igual e, se fôssemos iguais, esse mundo seria muito chato. Nossas diferenças nos tornam iguais. Ensinem compaixão aos seus filhos. Ensinem respeito. Ensinem a aceitarem mais uns aos outros.”
O termo bullying é praticamente recente e serve para caracterizar atitudes intencionais e repetitivas, por parte de uma pessoa ou mais, revestidas de violência psicológica e/ou física. O termo foi proposto por Dan Olweus, após o massacre escolar de Columbine, ocorrido nos Estados Unidos, em 1999, onde dois estudantes mataram doze colegas e um professor, além de ferirem mais de vinte pessoas.
Caracterizam comportamentos relacionados ao bullying: insultos, ataques físicos recorrentes, fofocas sem fundamento, depreciações, persuasões forçadas, sempre diminuindo a vítima, denegrindo sua imagem, fazendo-a passar vergonha na frente dos outros, de forma covarde e sem motivo aparente. E, embora o termo seja praticamente novo, a sua prática é antiga e deve remontar a séculos e séculos, desde que o homem passou a viver em sociedade.
Apesar de toda dor e consequências traumáticas que o bullying apresenta, não nos cansamos de ver comentários que perigosamente parecem amenizar a gravidade que essa prática encerra, os quais se valem, em sua maioria, de comparações entre o ontem e o hoje. Há muitos que dizem terem sofrido bullying e nem por isso deixaram de viver, de levar uma vida normal.
Primeiramente, há que se deixar claro que, hoje, os valentões não se comprazem tão somente apelidando alguém por ter um nariz grande ou por ser gordo, por exemplo. O advento da internet deixou tudo ainda mais sério e agressivo, porque as redes sociais vêm sendo usadas como canal de ofensas, de ridicularizações, expondo as pessoas mundialmente. As coisas não ficam mais circunscritas entre os muros do clube ou da escola, mas ganham proporções assustadoras e incontroláveis.
E mais, cada um sente a dor de uma forma única e própria, sem que possamos comparar as dores de uns com a de outros. Tanto que filhos de um mesmo casamento reagem de forma diversa à separação dos pais, por exemplo. Digerimos o que nos chega de acordo com o que temos aqui dentro, ou seja, a dor emocional é subjetiva, pois depende da bagagem de cada ser humano. Chega a ser desumano comparar as dores das pessoas frente ao que lhes acontece.
Há inúmeros artigos, reportagens, livros, filmes que tratam do assunto, ou seja, não podemos mais alegar ignorância sobre o assunto, principalmente pais e educadores, no sentido de ficarem atentos a sinais de que algo não vai bem, de que o filho, o aluno ou o amigo possam estar sofrendo muito por conta de assédios diários. Ficar dizendo que antigamente não havia essa frescura só vai piorar as coisas, porque quem sofre não precisa de ninguém mais o julgando, pois já vem atravessando um caminho doloroso de achatamento da própria autoestima.
Como tão bem nos ensinaram nossos avós, muito ajuda quem não atrapalha. E esse discurso comparativo não faz mais nada do que atrapalhar. Empatia, por favor.
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