Primeiro, a paixão. A vontade em ficarem juntos intensamente, sem horários, compromissos ou programação. Depois o amor. A admiração pela essência, o cuidado com o bem estar do próximo, a rotina com doses de carinhos diários. Essa seria a definição perfeita do desenvolvimento amoroso de qualquer relação. Porém, a falta de cuidado tem interrompido as relações mais incríveis e transformando o amor em mágoa, rancor e ressentimento.
Na fase da paixão é muito fácil conviver, já que o sentimento é bom em fantasiar e enganar os envolvidos na relação. A paixão inventa. Engana sem vergonha. Ilude sem limites. Bom seria se a paixão fosse suficiente para garantir uma relação, mas não é e no primeiro sopro abala todas as estruturas emocionais.
O amor não. Amor é pau para toda obra. Joga limpo. Escancara verdades. Amor é uma pedra preciosa difícil de encontrar. Mas, assim como a paixão o amor também acaba. E acaba das mais diversas formas.
Amor acaba no descuido dos detalhes. Acaba quando o beijo dá lugar às ofensas. Quando a vida profissional é negligenciada pelas cenas de ciúmes do outro. Quando o “bom dia” é substituído por “vamos logo porque estou atrasado”.
O amor acaba por obsessão e também por indiferença. Acaba por falta de cuidado e por excesso dele. Acaba pela saudade e pelo excesso da presença. Amor acaba por atitude e pela falta dela. Amor acaba sem que tenhamos percebido o quão importante ele era.
Amor acaba na fila do cinema, dentro do carro, no almoço de domingo com a família. Amor acaba na falta de desejo, no excesso de zelo, no vazio da cama.
A verdade é que nós somos muito bobos. Achamos que o terreno é nosso e que a guerra está ganha e deixamos o comodismo prevalecer, permitindo que o amor morra aos poucos, sob nossos olhos.
Esquecemos que, sem manutenção, nem uma construção se sustenta, que dirá um amor. Decretamos o fim da relação quando não há vontade de continuar e quando esquecemos que quem não sabe cuidar, não merece ter.
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